“Se o PS tem vencido, nós é que passávamos a ser os cubanos”

Esta semana o nosso convidado é o ex-presidente do Governo Regional da Madeira, e agora reformado, Alberto João Jardim. Tem aqui esta caixa de Kleenex, porque imagino que ainda esteja muito triste depois de o PSD ter perdido a maioria absoluta na Madeira ao fim de 43 anos.
Não me diga nada, ainda não estou em mim. Foi por pouco que os esquerdalhos não tomaram conta da minha ilha. Se o PS tem vencido as eleições, nós é que passávamos a ser os cubanos. Mais um bocadinho e o Cafôfo fazia uma geringonça na Madeira e eu tinha que pegar em armas e declarar a independência.

Que tipo de armas?
Lanças que me sobraram de quando eu me mascarava de zulu no Carnaval.

Ilustração: Mafalda Neves

Aposto que apanhou um susto muito grande quando viu o PS a chegar aos 19 deputados.
Foi horrível, até pensei: “Ó Alberto, lá estás tu a ver a dobrar outra vez, larga a poncha”. Mas não, era mesmo verdade. Nunca pensei que houvesse tanto socialista na minha ilha. Se soubesse, não tinha feito tantas estradas e túneis, que os socialistas não merecem nada. Aliás, se o PS tem ganho, já estava a preparar-me para encomendar um espetáculo de fogo-de-artifício da passagem de ano – deste ano -, mas em que os desenhos formados no céu, pela pirotecnia, eram essencialmente órgãos sexuais masculinos.

Mas, pelo menos, o PSD acabou por ganhar.
Sim, mas foi um rude golpe para a social-democracia, não só o PSD perdeu a maioria absoluta como o Bloco de Esquerda desapareceu.

O Bloco de Esquerda?!
Sim, então a Catarina Martins não disse que eles eram sociais-democratas.

Já me esquecia do seu sentido de humor.
Mas foi horrível, nós tínhamos a maioria absoluta desde o tempo em que o comendador Berardo era rico.

Uma coisa que queria aproveitar para lhe perguntar: não ficou chateado por chamarem ao aeroporto da Madeira Cristiano Ronaldo, em vez de o batizarem com o seu nome?
Acho muito bem que tenham dado o nome do Ronaldo ao aeroporto. Na verdade, Ronaldo é o maior embaixador de Portugal dos últimos anos, e o mais famoso, só seguido de perto pelo Jorge Ritto.

No meu caso, e como fico todo mijadinho sempre que aterro no aeroporto do Funchal, acho que o ideal era dar-lhe nome de fralda para incontinentes. Do género: aeroporto Lindor ou aeroporto Ausonia Discret. Eu acho que vocês deviam ter convidado a Joana Vasconcelos para fazer o vosso aeroporto, que ela é que faz tudo em grande.