Dia do Capacete: Peditório para honrar a memória

Texto de Ana Patrícia Cardoso | Fotografia Arquivo DN

A Primeira Guerra Mundial tinha acontecido há apenas quinze anos e ainda estavam bem presentes na memória as vidas perdidas. Em 1923, com o objetivo de ajudar militares, viúvas e filhos de ex‑combatentes, foi criada a Liga dos Combatentes da Grande Guerra.

Ao longo dos anos, a instituição foi organizando iniciativas para angariar dinheiro. Em 1935, uma delas chamou particular atenção do Diário de Notícias: o Dia do Capacete – como o jornal lhe chamou – foi organizado por 150 mulheres pertencentes à liga, que realizaram um peditório de rua. Em troca do donativo, os transeuntes recebiam miniaturas de capacetes semelhantes aos usados em batalha.

Em 1935, o DN relatava o contributo do governador civil, que doou mil escudos, ou do Banco de Portugal, que doou quinhentos escudos.

O primeiro peditório tinha acontecido em 1932 e iria continuar por toda a década seguinte, com algumas instituições portuguesas a fazerem questão de contribuir. Em 1935, o DN relatava o contributo do governador civil, que doou mil escudos, ou do Banco de Portugal, que doou quinhentos escudos.

Houve quem quisesse ficar no anonimato como «a eterna desconhecida, a bondosa senhora que tantas vezes acorre com os seus generosos donativos e enviou duzentos escudos e peças de vestuário».

Na década de 1930, a instituição, que ainda hoje existe, cresceu bastante, mantendo 132 núcleos, 33 500 sócios, oito escolas primárias com mais de quatrocentas crianças, um orfanato no Porto e 91 talhões privativos para enterro dos combatentes.

MORTES
Duzentos mil homens portugueses foram mobilizados para a frente de combate da Primeira Guerra Mundial. Dez mil perderam a vida e milhares ficaram feridos.