1974: A chegada de uma lenda ao Porto

Texto Ricardo J. Rodrigues | Fotografia Arquivo JN

“Depois dos rios de tinta que correram, após as manchetes, após as alegrias dos que acreditavam e da estupefação dos descrentes, eis que terminou com uma simplicidade invulgar o primeiro ato da peça da contratação de Teófilo Cubillas”, escrevia o JN a 16 de janeiro de 1974, a propósito da apresentação de uma das maiores lendas portistas no velhinho estádio das Antas. O título espelhava a tal simplicidade: “Cubillas saltou e correu mas nem tocou na bola.” E uma evidência: “Às suas ordens, mister Guttmann.”

Cubillas tinha chegado há seis meses ao Basileia com o estatuto de “Pelé do Perú” mas não se adaptara ao clima suíço. Foi então recrutado pelo Porto.

Um mês antes, naquele mesmo relvado, Pavão tinha caído por terra – vítima de uma paragem cardíaca, ao minuto 13 do jogo com o Vitória de Setúbal. A morte do capitão portista, que na verdade se chamava Fernando Pascoal Neves e tinha ganho a alcunha por fintar os adversários de braços abertos, acelerou a contratação do médio peruano.

Cubillas tinha chegado há seis meses ao Basileia com o estatuto de «Pelé do Perú» mas não se adaptara ao clima suíço. Foi então recrutado pelo Porto. “Lembro-me de olhar para o contrato e ficar embasbacado”, contaria em 2010 numa entrevista ao site Mais Futebol. Em Portugal nunca ninguém tinha assinado um acordo tão longo e tão valioso. “Senti que tinha de dar tudo de mim àquelas pessoas.”

Acabou por ficar três épocas. Jogou 108 partidas e marcou 65 golos. Não ganhou qualquer campeonato (perdeu o primeiro para o Sporting e os dois restantes para o Benfica), mas tem até hoje o estatuto de astro na Invicta.

Treinadores
Cubillas iniciou a sua carreira no FC Porto sob o comando de Béla Guttmann, treinador que venceu duas Taças de Campeões Europeus pelo Benfica, e terminou-a com José Maria Pedroto, outra lenda do clube das Antas.