Susana Romana

Os funerais do Papa e de Pelé e a remodelação do Governo

Rubrica "Partida, largada, fugida", de Susana Romana.

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E continuamos em novas edições de “Querido, Remodelei O Governo”, a décima em dez meses. Qualquer dia metem o Gustavo Santos a apresentar as tomadas de posse e a aproveitar para convencer o ministro da Saúde que a covid foi uma grande aldrabice.

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João Galamba é agora ministro das Infraestruturas, ficando com o pesado dossiê da TAP. Há quem considere que ele está pouco por dentro do assunto. Mas alguém que já se envolveu em tantas trocas de insultos no Twitter está mais do que treinado para o que aí vem.

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Já a Habitação sobe a Ministério em nome próprio. Espero que não precise de alugar um edifício autónomo, que não sei se eles sabem, mas as rendas em Lisboa estão um escândalo. Há de haver nómadas digitais até nos palacetes.

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A ministra será Marina Gonçalves, que já foi criticada por ser muito inexperiente, isto apesar de antes já ter a pasta como secretária de Estado. Para quem não domina o idioma do patriarcado, eu traduzo: uma mulher nova e gira é sempre considerada inexperiente, independentemente do seu CV.

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Todas estas trocas no Governo motivaram uma moção de censura levada à Assembleia da República pela Iniciativa Liberal. É a segunda em menos de um ano. Este Governo é mais criticado do que a Cristina Ferreira quando voltou para a TVI.

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A TAP foi considerada a 6.ª companhia aérea mais segura do mundo segundo a Airlineratings.com. Acredito que seja a mais segura para voar, mas parece-me das mais inseguras para os governos.

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Esta quinta-feira decorreu o funeral do Papa emérito Bento XVI, que contou com a presença de Marcelo Rebelo de Sousa, que foi em representação do país mesmo sem ter sido convidado. Foi, portanto, na condição de fã, como se tivesse bilhetes para o golden circle do Harry Styles.

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E por falar em funerais: Gianni Infantino, o presidente da FIFA, foi visto no funeral de Pelé a tirar selfies sorridentes com o caixão aberto do jogador. É normal esse sentimento de impunidade. É de ter passado muito tempo no Catar.

[Artigo publicado originalmente na edição do dia 8 de janeiro – número 1598 – da “Notícias Magazine”]