Há cada vez mais óculos de sol produzidos de forma sustentável. Marcas portuguesas e multinacionais optam por desperdício têxtil, antigas tábuas de skate, bambu ou madeira.
Foi à procura de uns óculos de sol de madeira, após uma viagem à Colômbia, onde tinha conhecido o conceito, que Manuel Dias da Silva percebeu a falha no mercado. Era 2015, não havia opções sustentáveis. Criou a Pica Pau Woodcraft. E mais marcas foram surgindo com ofertas similares. É um mercado “que tem vindo a crescer muito”, destaca o editor executivo da Pica Pau, loja digital que apresenta produtos de “materiais 100% naturais e reutilizáveis”, sobretudo madeira.
A sensação de espaço por ocupar também foi sentida por Pedro Romão na mesma altura. “Vivia-se a emergência das marcas do ultrabarato com uma proposta de valor oposta ao desenvolvimento sustentável”, explica o cofundador da Origem. Apesar de a madeira ser um produto natural e uma alternativa clara ao plástico, “acaba por ser uma solução míope”. Como é de crescimento lento, “nunca poderá rivalizar em escala com o plástico”. O bambu é a solução. “É a planta de mais rápido crescimento, facilmente atingindo um equilíbrio positivo entre produção e consumo”, além de ser um “excelente depósito de carbono, emitindo até 35% mais oxigénio do que a média” das plantas.
Mas não é apenas dos materiais que se faz a sustentabilidade. A economia circular, a produção local e até projetos de reflorestação são algumas das preocupações destes produtores. Tanto a Origem como a Pica Pau comprometem-se a plantar cinco árvores por cada par vendido. O objetivo é “compensar as emissões de carbono provenientes do transporte”.
E as apostas neste setor não se ficam nos nichos. A MultiOpticas é uma das multinacionais que apresenta opções sustentáveis. Lançou recentemente a marca Karün, “assente num sistema de economia circular” junto de comunidades locais da Patagónia. Os modelos são criados através de “nylon regenerado, proveniente de redes de pesca recicladas e outros materiais descartados, como metais e policarbonato”. Há ainda marcas que apresentam óculos de sol produzidos com desperdício têxtil, tábuas de skate inutilizadas e as clássicas garrafas de plástico reciclado.
