Irene Montero: a calculista temperamental

Irene Montero é Ministra da Igualdade de Espanha

Perfecionista sem limites, dizem no seu gabinete. Caráter forte, que se revela em debates no hemiciclo. Enquanto deputada e, agora, ministra. Esta semana, nova vitória, fazendo da Espanha o primeiro país a atribuir uma licença temporária por menstruação incapacitante. Filha única, cresceu nos bairros operários de Madrid, onde aprendeu a reivindicar.

Declara-se mandona, temperamental, com baixa tolerância à frustração, “rasgos de filho único” confessados publicamente ainda antes de assumir o cargo de ministra da Igualdade do Governo de Pedro Sánchez. No meio político, descrevem-na calculista, autora de um plano para chegar ao poder no Unidas Podemos, traçado há muito tempo. Um ex-militante não hesita nas palavras, porém em off: “Déspota, ambiciosa, capaz de pisar cabeças”.

É uma das mulheres fortes do partido e da política espanhola: em 2017, foi considerada pela “Forbes” um dos 30 políticos mais influentes com menos de 30 anos. Chegou onde chegou pelo próprio pé. Não por ser a mulher do líder do partido, concordam até adversários. Porém, a aproximação a Pablo Iglesias trouxe mudanças: “Quando adquiriu poder, blindou completamente Pablo. Tudo tinha de passar por ela, até as fotocópias que se faziam. Quem não cumprisse, seria fortemente reprimido”, conta quem com ela trabalhou.

Perfecionista sem limites, dizem no seu gabinete. Caráter forte, que se revela em debates no hemiciclo. Enquanto deputada e, agora, ministra.

Nesta semana, nova vitória, fazendo da Espanha o primeiro país a atribuir uma licença temporária por menstruação incapacitante, medida que supõe um desembolso anual, dos cofres do reino, de cerca de 24 milhões de euros.

Tomou posse a 13 de janeiro de 2020. Desde então, levou a Conselho de Ministros dois projetos emblemáticos. A lei Solo sí es Sí ( Só o sim é sim), que elimina a distinção entre abuso e agressão sexual. E a lei Trans, que incluiu o direito à livre determinação da identidade de género das pessoas trans. Assinou o “Plano Corresponsáveis”, destinado a promover a conciliação da vida familiar com o trabalho, e reforçou o combate a todas as formas de violência contra a mulher.

É feminista desde que se conhece, diz. Lutou para ‘feminizar’ o partido e a política espanhola. A sua competência foi posta em causa por ser uma mulher jovem. “Nada que se passe apenas comigo. Acontece a qualquer mulher dentro deste mundo”, afirma. Está habituada a sentir a discriminação, citando como exemplo o comentário jocoso do porta-voz do PP, a acompanhar uma fotografia sua com as axilas por depilar. Chorou de raiva.

Os mais próximos garantem que os cargos institucionais não a moldaram. “Sabe fazer a distinção entre política institucional, que vê como temporal, e a militância de rua, que é permanente.”

O caráter reivindicativo manifestou-se cedo. Também o gosto pela política, que a levou a filiar-se, aos 15 anos, nas Juventudes Comunistas. Antes de entrar no Podemos, denunciou proprietários que queriam despejar inquilinos, viveu cinco meses no Chile, participando em lutas estudantis, ativismo que manteve no regresso a Espanha, ao mesmo tempo que estudava para a licenciatura e mestrado em Psicologia em Educação. Em 2014, abandonou o doutoramento para se tornar no braço-direito de Iglesias.

Criada nos bairros operários de Madrid, estudou numa cooperativa de ensino, modelo “laico”, “inclusivo”, “humanista” e “próximo do meio ambiente”. Anos que tiveram “uma influência muito importante” na sua forma de ver a vida, confessaria mais tarde.

Asseguram que tem muito sentido de humor e trato mais agradável fora do cenário político. O tempo do descanso é, muito dele, passado na polémica e milionária casa em Galapagar. Mãe de Manuel, Leo e Aitana, afirma: “Se tive filhos é para os cuidar, desfrutar e passar tempo com eles”.

Irene María Montero Gil
Cargo:
Ministra da Igualdade de Espanha
Nascimento: 13/02/1988 (34 anos)
Nacionalidade: Espanhola