COP27. Eterno amargo de boca

636 lobistas dos combustíveis fósseis estão inscritos na COP27

Temas-chave como o controlo da temperatura, a limitação gradual dos combustíveis fósseis e os cortes nas emissões de gases poluentes continuam em banho-maria. A boa notícia é a criação de um fundo que compensa as nações afetadas pela crise climática.

A pregar no vazio
No encerramento da conferência que decorreu em Sharm el-Sheik (Egito), a deceção era a nota dominante. A produção de hidrogénio verde ficou na gaveta, o fim dos combustíveis fósseis continua a ser uma miragem, a batalha pela diminuição da emissão de gases com efeito de estufa ficou-se pelos apelos.

1,5
O limite máximo, em graus Celsius, para o aumento da temperatura no Planeta em relação à era pré-industrial. Estima-se que, acima desse valor, a capacidade de adaptação às mudanças climáticas comece a quebrar em série. Neste momento, o aumento é já de 1,2 graus. E as associações ambientalistas têm alertado que, face à falta de compromissos verificada na COP27, a meta de 1,5 ºC já não será exequível.

“A Humanidade tem uma escolha: cooperarou morrer. É um Pacto de Solidariedade Climática ou um Pacto de Suicídio Coletivo”
António Guterres
Secretário-geral da ONU

Fundo de contornos difusos
A criação de um fundo de intervenção em caso de perdas e danos nos “países mais vulneráveis” às alterações climáticas foi o ponto alto da cimeira, mas na prática ainda há muito por limar. Desde logo, as regras de funcionamento e financiamento do fundo. Quem serão, ao certo, os contribuintes? Ainda ninguém sabe dizer.

636
O número de lobistas dos combustíveis fósseis inscritos na COP27, segundo cálculos da Global Witness, do Corporate Europe Observatory e da Corporate Accountability. Trata-se de um aumento de 25% relativamente aos lobistas desta área inscritos na cimeira do ano passado.