A cortiça tem um novo look

O futuro da Luxcork passa pela exportação, mas sem esquecer o mercado português

Fernando Maia trabalhava na área da saúde quando, insatisfeito, decidiu mudar de rumo. Começou a trabalhar numa empresa de produtos de cortiça e detetou uma lacuna: “Havia muitas bolsas, sapatos, chapéus, mas não existia vestuário. Achei curioso.” Encontrou algumas peças de roupa, mas constatou que era algo residual. Diz não entender os motivos para isso, pois, como verificou mais tarde na sua aventura com a Luxcork, instalada em Penafiel, não é assim tão difícil fazer roupa de cortiça: “Não é tão maleável como outros materiais, é mais resistente, portanto é mais demorado. Mas faz-se.”

Decidiu então preencher esse vazio no mercado. Lembrou-se da amiga de infância Natália Azevedo, com um longo currículo na área têxtil, para o ajudar. O à-vontade de Natália com as matérias-primas e o processo de confeção eram o complemento de que Fernando precisava para dar vida à sua ideia, e a amiga aceitou imediatamente. Ficou decidido, logo de início, que os materiais a usar teriam de ser amigos do ambiente. Além da cortiça, trabalham com cupro, “a parte do algodão que fica agarrada à planta e é de melhor qualidade”.

Começaram a fazer testes para perceber como podiam trabalhar a cortiça em conjunto com o algodão. O protótipo – um colete – foi da autoria de Natália. A partir daí passaram para as camisas, t-shirts e, agora, até para as máscaras de proteção, mas planeiam incluir outras peças no catálogo.

O empresário exalta as qualidades deste material “nobre”: “É suave, hipoalergénico, um ótimo isolante térmico, tem grande resistência ao choque”. Lamenta que haja em Portugal uma espécie de “visão depreciativa” em relação à cortiça, apesar de, lembra, sermos o maior produtor do material. “As pessoas pensam que a cortiça é rolha. E não é, tem as mais variadas utilizações.” O empresário diz que o futuro da marca passa pela exportação, mas garante que a Luxcork não esquece o mercado português e que a ideia é abrir uma loja física no país num futuro próximo.