Joana Marques: “Gosto do que faço e tento fazer melhor, embora quase sempre falhe”

Foto: Filipa Bernardo/Global Imagens

Por Sara Dias Oliveira

Vejo bem: Sou boa ouvinte, no sentido em que consigo estar a conversar com alguém e a ouvir a conversa da mesa do lado ao mesmo tempo. Sou observadora e gosto de recolher informação aparentemente inútil. Nunca se sabe quando dará jeito. Gosto muito de trabalhar. Gosto do que faço e tento fazer sempre melhor, embora quase sempre falhe. Não me levo muito a sério, o que é útil quando passamos a vida a fazer pouco dos outros. Sou honesta. Do género de devolver uma carteira que encontre no chão. Não é propriamente uma qualidade, é só ser normal, mas, como nunca me devolvem as carteiras que perco, acredito que possa ser uma cidadã acima da média. Gosto muito daquelas pessoas que, quando querem elogiar alguém, dizem: “É amigo do seu amigo”. Se fosse amigo dos inimigos é que era surpreendente. Eu sou amiga sobretudo dos amigos que dizem mal de outras pessoas comigo. Se calhar isto devia estar na parte dos defeitos. Mas é a atividade em que sou melhor.

Vejo mal: Sou tímida. Tenho mais facilidade em falar para uma grande plateia do que só com um desconhecido. Sou antissocial. Gosto de estar sossegada em casa e, nas raras vezes em que saio, não sou, de todo, a alma da festa. Tenho mau perder, até a feijões ou a qualquer outro tipo de leguminosa… O que acaba por criar mau ambiente. Tenho medo de quase tudo. De animais, de desportos radicais, do mar agitado, de agulhas, de andar de avião, de barco, de autocarro anfíbio (que péssima ideia)… Sou hipocondríaca. Talvez o defeito que menos perturba os outros mas que é mais incómodo para mim. Já fui várias vezes ao hospital convencida de que estava a morrer e, como se pode constatar, não estava. Impaciente, detesto esperar. Demoram muito a publicar isto?

Humorista, 33 anos