The Black Mamba: «Já não se valoriza a música como antes»

a carregar vídeo

Texto de Ana Patrícia Cardoso | Fotografia de Reinaldo Rodrigues/Global Imagens

No Coliseu dos Recreios está tudo pronto para o grande concerto. «Este momento está a ser preparado com grande entusiasmo, estamos a preparar algumas surpresas, novas músicas. Vai ser em grande», diz Miguel Casais, o baterista dos The Black Mamba.

A banda, que acabou de gravar Dirty Little Brother, o seu segundo álbum de originais – o primeiro single, Stronger, já toca nas rádios – vai receber também alguns convidados especiais como Silk, Áurea, Miguel Araújo, Mariza Liz, Tiago Pais Dias e Skyler Jett, produtor americano que já trabalhou com grandes nomes da música como James Brown, Chaka Khan ou Lionel Ritchie.

a carregar vídeo

Este é um momento importante de transição na história do grupo que já conta com oito anos de estrada. «A nossa música é muito intensa. Sempre nos guiámos pelo que sentíamos por cada música, sem ligar muito a estilos. Neste álbum, estamos a seguir outro caminho e a procurar uma maior coerência. Deixámos de lado alguns temas de que gostamos muito mas que não se encaixam na matriz e estética que definimos para o futuro», diz Pedro Tatanka, o vocalista, que nos últimos anos apostou também numa carreira a solo.

«Lembras-te quando ficávamos à espera para gravar uma música na rádio? Hoje, os miúdos podem ouvir música ad eternum no YouTube. Já não se valoriza a música como antes», diz Tatanka.

O grupo vive uma nova fase na carreira e a digressão nos Estados Unidos contribuiu para esta nova abordagem. Tatanka relembra a experiência de gravação, durante uma semana, em Nova Iorque «foi uma experiência incrível. Tivemos surpresas todos os dias. Fomos a um bar em Brooklin e o segurança que nos recebeu à porta de repente sobe ao palco e começa a tocar. É um mundo totalmente aberto.»

Utilizadores regulares das redes sociais para a promoção da banda, os The Black Mamba admitem que há prós e contras neste acesso ilimitado à música. «Banalizou-se o produto em si. Lembras-te quando ficávamos à espera para gravar uma música na rádio? Hoje em dia, os miúdos podem ouvir música ad eternum no YouTube. Já não se valoriza a música como antes», diz Tatanka. Apesar disso, admitem que colocar a música na internet possibilita que esta chegue a mais gente mais rápido. «É um pau de dois bicos esta relação».

O espetáculo de sábado é também o arranque para a ronda de apresentações de 2018. «Ter duas noites nos Coliseus de Lisboa e Porto no início do ano é muito importante porque é nesta altura que se começam a fechar agendas de concertos para o ano», diz Miguel. Espera-se sala cheia e muita música portuguesa.