André Villas-Boas, o “Cenourinha” que destronou Pinto da Costa

André Villas-Boas é o presidente eleito do F. C. Porto

Venceu um cancro, especializou-se em Gestão e conquistou a presidência do F. C. Porto. Detesta bacalhau e tem paixão por automóveis. Sabe montar e desmontar motores sozinho.

“Prometo dar a vida pelo F. C. Porto.” André Villas-Boas deixou a garantia no primeiro discurso como presidente eleito do seu clube de sempre, após bater Jorge Nuno Pinto da Costa com 79,96% dos votos, contra 19,44% do adversário.

Filho de um professor e engenheiro químico e de uma gerente de lojas de roupa com raízes inglesas, cresceu com duas irmãs e um irmão e estudou no elitista Colégio do Rosário, no Porto, onde cedo lhe colocaram a alcunha de “Cenourinha”. O futebol sempre lhe correu nas veias e os domingos de jogo no Estádio das Antas eram os preferidos. Tentou a sorte como praticante nos modestos MGC e Ramaldense. Sem grande sucesso.

A primeira experiência como treinador aconteceu como adjunto nas camadas jovens do F. C. Porto, impulsionado pelo treinador britânico Bobby Robson, então técnico dos dragões e seu vizinho de prédio, com quem um dia se cruzou no elevador e o questionou por que razão não utilizava como titular o avançado Domingos Paciência, seu ídolo. Tornaram-se inseparáveis.

Seguiu-se um curto período como selecionador das caribenhas Ilhas Virgens Britânicas, veio o regresso aos dragões e um encontro com José Mourinho, em 2001/02, que o convidou para observador da equipa principal. Zangaram-se oito anos mais tarde porque viu negado o pedido para ser adjunto do Inter de Milão. A reconciliação deu-se em 2023, no 60.º aniversário de Mourinho.

Em outubro de 2009, foi para a Académica de Coimbra, onde teve a primeira oportunidade como treinador principal, aos 32 anos. “Era muito maduro para a idade. Na primeira reunião que tivemos mostrou que sabia tudo sobre o clube”, recorda José Eduardo Simões, então presidente da Briosa. A amizade ficou. “Quando a minha filha foi estudar para Londres, o André treinava o Tottenham e disponibilizou-lhe de imediato o seu apartamento”, assinala o ex-dirigente.

Assinou na época seguinte, 2010/11, pelo F. C. Porto e deixou-o no final da temporada com triunfos no campeonato, na Taça de Portugal, na Supertaça e na Liga Europa (contra o Sp. Braga, orientado por… Domingos Paciência), passou pela liga inglesa, onde orientou Chelsea e Tottenham, pela Rússia (foi campeão no Zenit S. Petersburgo), pelos chineses do Shangai SIPG e pelos franceses do Marselha, que abandonou em janeiro de 2021, naquela que foi a sua última aventura como treinador. Desde então, amadureceu a ideia de se candidatar à liderança do clube portista e foi para os EUA realizar uma pós-graduação em Gestão. “É um líder nato que transmite com facilidade os seus pensamentos e as suas ideias e leva a que as pessoas o sigam por convicção”, define José Mário Rocha, amigo e antigo adjunto durante 12 épocas. “Tornou-se desde cedo claro que queria seguir outro rumo e preparou-se muito bem nesse sentido”, considera José Eduardo Simões.

Casado desde 2004 com Joana Ornelas Teixeira, tem duas filhas e um filho. Raramente atende o telemóvel, mas responde a todas as mensagens que lhe enviam. Bom garfo, apenas não aprecia bacalhau e tudo o que tenha a ver com ovos. Sushi e comida italiana são os pratos favoritos, assim com uma boa posta de carne arouquesa e cabrito assado.

O desporto motorizado é outra das suas perdições. Participou em provas de competição, a maior delas o rali Dakar, em 2018, ao volante de um Toyota Hilux. A aventura durou apenas quatro etapas, interrompida por um violento acidente numa duna que lhe provocou uma fratura na coluna. Pouco depois apanhou novo susto, quando lhe detetaram um tumor na tiroide. Durante o período de recobro após a intervenção cirúrgica para o retirar, sofreu uma hemorragia interna. “Comecei a sentir-me mal e lembro-me de pensar: ‘Vou morrer, vou morrer’”, contou à revista “Sábado”.

Possui uma considerável coleção de automóveis e guarda em casa um capacete original do piloto brasileiro de Fórmula 1 Ayrton Senna. “Sabe montar e desmontar motores sem ajuda de ninguém”, conta José Mário Rocha.

Sócio número 7616, Luís André de Pina Cabral e Villas-Boas toma posse como 32.º presidente do F. C. Porto no dia 7 de maio, às 12 horas.

Cargo: presidente eleito do F. C. Porto
Nascimento: 17/10/1977 (46 anos)
Nacionalidade: Portuguesa (Porto)