Susana Romana

O calor, as férias no Algarve, os incêndios e a invasão da missa

Rubrica "Partida, largada, fugida", de Susana Romana.

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Em pleno agosto, os portugueses estão a descartar as férias no Algarve, por causa dos preços. Aviões estão a partir esgotados para Cabo Verde, Caraíbas, Marrocos, Tunísia, Egito ou Senegal, na maior oferta de sempre de voos charter. Mas também estão esgotadas as estadias na própria sala de estar, com vista para a televisão.

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O Algarve neste momento parece que se posicionou nos antípodas do discurso de extrema-direita. Há partidos que dizem que não querem cá estrangeiros, mas o Algarve parece que só quer cá estrangeiros. Que progressista!

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O país está de novo a ser fustigado pelas chamas em várias localidades. Já é tão típico do nosso verão que acho que o deveríamos vender como “experiência imersiva” aos turistas. Por uma simpática quantia, podem fazer essa coisa “very typical” que é apagar fogos com um balde.

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Alguns especialistas chamam a estes incêndios de “fogos de sexta geração”, dado o comportamento das chamas. Se essa sexta geração for a Geração Z, então o comportamento das chamas vai ser fazer dancinhas para o TikTok.

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Os fundamentalistas católicos que invadiram uma missa na Igreja da Ameixoeira organizada pela comunidade LGBTQ serão indiciados pelo crime de impedimento, perturbação ou ultraje a ato de culto. Quando o Papa gritou “todos, todos, todos!” estas alminhas acharam que se referia a quantos neurónios deviam afogar no bidé.

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Nuno Melo declarou que “há mais pessoas a entrar do que a sair do CDS”. Acredito que sim. Dada a localização central, deve haver imensa gente a entrar no CDS do Largo do Caldas a perguntar se estão interessados em converter aquilo num Airbnb.

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Os 762 escuteiros portugueses que participam num encontro mundial na Coreia do Sul foram retirados devido à aproximação de um tufão. Estão a salvo da intempérie, mas infelizmente não estão a salvo do tipo com a guitarra que vai estar sempre a cantar o “Dunas”.

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Julho foi o mês mais quente alguma vez registado na Terra. Os negacionistas das alterações climáticas já vieram explicar: é tudo um esquema do lobby dos ares condicionados e dos Calippos de morango.

[Artigo publicado originalmente na edição do dia 13 de agosto – número 1629 – da “Notícias Magazine”]