Hilly, um assistente virtual que acompanha doentes de forma personalizada

O Hilly recolhe informações da unidade de saúde para personalizar a jornada de cuidados. Mas não só

Define jornada a seguir consoante dados clínicos e monitorização de sintomas, superando a fragmentação do sistema de saúde e libertando profissionais de tarefas burocráticas.

Hilly é o novo assistente virtual que monitoriza, à distância, o estado de saúde dos doentes e torna o trabalho das equipas médicas mais eficiente. Já está a ser utilizado em hospitais e unidades de saúde.

O sistema de saúde é “extremamente fragmentado” e “não há uma definição de um percurso ideal” para cada condição clínica, explica Eduardo Freire Rodrigues, o especialista em saúde pública que cofundou e assume o cargo de diretor executivo da UpHill, a empresa que desenvolveu o assistente. Fica tudo “depositado na responsabilidade do profissional de saúde”, o que significa que “ele tem imenso trabalho com tarefas burocráticas e administrativas” para conseguir dar resposta aos doentes.

É para combater estas dificuldades que surge o Hilly. O assistente recolhe informações da unidade de saúde (doenças, intervenções e outros dados clínicos do paciente) para personalizar a jornada de cuidados. Mas não só. Também é capaz de comunicar com os doentes à distância (através de voz, mensagem ou formulários, dependendo da literacia de cada pessoa), monitorizando sintomas de forma não invasiva. O estado de saúde vai sendo atualizado e, quando necessário, o doente avança para os tratamentos indicados.

Eduardo Freire Rodrigues, especialista em saúde pública, é cofundador e diretor executivo da UpHill

Há vantagens para os doentes, que “têm a jornada definida, mais ágil e previsível”, para os profissionais de saúde, que têm “um assistente que permite automatizar um conjunto de tarefas” e também para o sistema de saúde que está “numa fase de grande pressão”, resume Eduardo Freire Rodrigues, acrescentando que a procura de cuidados tem aumentado devido ao envelhecimento da população e aumento da esperança de vida, prevalência de doenças crónicas, complexidade crescente de terapêuticas e doenças emergentes.

A solução tem vindo a ser implementada desde meados do ano passado, estando atualmente em 15 unidades, incluindo hospitais públicos e privados e centros de saúde, como por exemplo o Hospital da Cruz Vermelha em Lisboa, os centros hospitalares e universitários de Coimbra e de Santo António (Porto) e a Unidade Local de Saúde do Litoral Alentejano. É utilizada em áreas tão diversas como a preparação pré-cirúrgica, seguimento no pós-operatório ou monitorização de doentes crónicos. Atualmente há cerca de quatro mil doentes com jornadas personalizadas.