A rubrica "Máquina do Tempo" desta semana destaca o surgimento da Real Escola de Cirurgia do Porto, que deu origem à Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP).
Nasceu pela mão do rei D. João VI, como Real Escola de Cirurgia do Porto, há precisamente 198 anos. Mais tarde, no regulamento aprovado por alvará de 25 de junho de 1825, a necessidade de criação da instituição foi assim justificada: “Sendo indispensável e da mais absoluta necessidade que os cirurgiões adquiram os precisos conhecimentos para bem e dignamente prehencherem, e com publica utilidade, os empregos de Cirurgiões no Exército e na Armada; assim como para poderem socorrer os Povos, tanto nos lugares onde não existirem Medicos, como naqueles cujo número não for sufficiente para ocorrer a todas as affecções do seu foro”.
O funcionamento da Escola decorreu com normalidade nos dez anos seguintes. A única interrupção aconteceu apenas durante o Cerco do Porto. Já em 1836, após uma reorganização do ensino médico resultou numa reforma das escolas de cirurgia do Porto e de Lisboa, “destinadas especialmente a formar uma classe de Facultativos tão necessária e importante” e na consequente criação da Escola Médico-Cirúrgica do Porto e de idêntico estabelecimento em Lisboa.
A Escola Médico-Cirúrgica do Porto esteve instalada, durante os primeiros tempos, no Hospital da Misericórdia (depois Hospital de Santo António), onde, aliás, já funcionara a Régia Escola de Cirurgia. O pequeno tamanho das instalações, quer para aulas, quer para montar condignamente o teatro anatómico e a volumosa biblioteca, levou à discussão sobre a necessidade de dotar a Escola de um edifício próprio. Depois de alguns percalços, a Escola acabou por ser construída no terreno anexo ao convento das Carmelitas.
Já após a implantação da República, em 1911, a Escola Médico-Cirúrgica foi elevada a faculdade, situação que sofreu, passado um mês, uma mudança, já que no diploma de criação da Universidade do Porto se incluíam três faculdades, sendo uma delas a de Medicina, que continuou nas instalações junto ao Hospital de Santo António.
Já a 24 de junho de 1959 (Dia de São João) ocorreu a transferência de toda a Escola para a área da Asprela onde foi construído o edifício hoje ocupado pela faculdade conjuntamente com o hospital, então designado Hospital Escolar de S. João, tendo sido fundado, no seu lugar, junto ao Hospital de Santo António, uma outra escola médica: o Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar.
