A rubrica "Máquina do Tempo" desta semana destaca o dia em que Galileu Galilei foi chamado à atenção pela Igreja Católica. Não adiantou de muito.
Na primavera de 1609, Galileu Galilei (1564-1642) ouviu dizer que um holandês tinha inventado um instrumento que permitia ver objetos afastados como se estivessem próximos. Ouviu que seria uma espécie de tubo com uma lente em cada extremidade. Com essa fugaz informação o astrónomo construiu e aperfeiçoou sucessivamente instrumentos capazes de aproximar os objetos.
Assim, em 1609, começou a utilizar os seus telescópios para observar os astros. Descobriu as crateras da Lua e percebeu que a Via Láctea se dissolvia numa imensidão de estrelas.Um ano depois, o italiano apontou o telescópio para Júpiter e concluiu, após várias observações e comparações, que quatro pequenas luas giravam em volta deste planeta, tal como a nossa Lua gira em torno da Terra. Ou seja, talvez houvesse outros centros de movimento, sem ser a Terra. Entusiasmado, publicou, em março de 1610, o livro “Sidereus Nuncius” (“O Mensageiro Celeste”), onde descreveu as maravilhas que observou. Grande polémica. Mas não se deteve.
No final desse ano, descobriu que Vénus passava por um ciclo completo de fases, como a Lua, o que só podia acontecer se o planeta orbitasse o Sol, em possível conformidade com o modelo heliocêntrico e em total contradição com o modelo geocêntrico, uma suposição da época apoiada pela Igreja Católica. Esteve para correr mal.
A 26 de fevereiro de 1616, há precisamente 407 anos, Galileu foi chamado a Roma. Recebido pelo cardeal Roberto Belarmino foi advertido:
1 – A afirmação de que o Sol é o centro imóvel do Universo é uma heresia;
2- A teoria de que a Terra se move está teologicamente errada;
3- Foi proibido de falar em heliocentrismo como realidade física, apenas como hipótese matemática.
Galileu conteve-se por algum tempo, mas em 1632 publicou o “Diálogo sobre os Dois Principais Sistemas do Mundo”, onde comparou geocêntrico e heliocêntrico. Em 1633, com 69 anos, Galileu foi novamente chamado a Roma. Ao fim de muitos e extensos interrogatórios foi forçado a negar as suas convicções ou morreria.
Conta-se que, estando perante a Inquisição, logo após ter-se retratado, dizendo que se tinha enganado e que afinal a Terra não girava em torno do Sol, bateu com o pé e disse baixinho: “E pur si muove”. No entanto, move-se.
