12 de novembro de 1935: o dia em que foi feita a primeira lobotomia

Egas Moniz, neurologista português

A rubrica "Flash" destaca o dia em que a primeira paciente foi submetida a uma lobotomia, pelo médico Egas Moniz.

A história de M.C., cujas iniciais preservam a sua identidade, remonta a 1910, quando foi admitida pela primeira vez no Hospital dos Alienados de Lisboa, com 48 anos. A vida tumultuada, marcada pela desgraça, prostituição e episódios de desespero, levou-a a ser internada após vários anos de luta contra doenças mentais. Quis o destino que se tornasse a primeira paciente submetida a uma lobotomia. O que aconteceu a 12 de novembro de 1935. O marco histórico foi registado por Egas Moniz, um neurologista português que mais tarde receberia o Prémio Nobel da Medicina, em 1949, tornando-se o primeiro cientista a conquistar um galardão por um procedimento cirúrgico.

A técnica revolucionária de Egas Moniz, a que chamou de leucotomia, visava alterar as conexões neurológicas em pacientes com doenças mentais graves, como delírios hipocondríacos e melancolia. Os primeiros resultados da lobotomia mostraram melhorias em alguns casos, mas a controvérsia em torno de sua eficácia cresceu. Embora tenha recebido reconhecimento internacional, a técnica caiu em desuso devido à falta de resultados consistentes e ao advento de medicamentos psiquiátricos. A história de Egas Moniz e dos seus primeiros pacientes continua a suscitar debate sobre os limites da intervenção médica na saúde mental e a ética por detrás de tais procedimentos. Já a saúde mental, nunca foi tão debatida e teve tanta atenção como nos dias de hoje.