Acumulação de substâncias na região pré-frontal do órgão aumenta o risco de problemas após quatro horas de esforço cognitivo intenso, concluem especialistas.
Uma investigação, publicada na revista Current Biology, revelou que pensar demais pode intoxicar o cérebro e levar a um esgotamento. O estudo “A neuro-metabolic account of why daylong cognitive work alters the control of economic decisions”, desenvolvido por pesquisadores da Universidade Pitié-Salpêtrière, em Paris, em França, propôs-se a investigar o motivo da fadiga mental e a explicação sugerida pela equipa foi neurometabólica.
O grupo de investigadores concluiu que a acumulação de substâncias na região pré-frontal do órgão aumenta o risco de problemas após quatro a cinco horas de esforço cognitivo intenso. Isto leva a uma alteração no controlo sobre as decisões, fazendo com que os humanos procurem (involuntariamente) alternativas que exijam menos esforço à medida que a fadiga cognitiva se instala.
A equipa afirma que teorias anteriores sugeriam que a fadiga era uma espécie de ilusão inventada pelo cérebro para nos fazer interromper as nossas ações e optar por uma atividade mais gratificante, mas estas descobertas mostram que o trabalho cognitivo resulta numa alteração funcional, com acumulação de substâncias nocivas. Assim, a fadiga é, de facto, um sinal que nos faz parar de trabalhar, mas com um propósito diferente: preservar a integridade do funcionamento do cérebro.
Para chegar a tais conclusões, os investigadores usaram a espectroscopia de ressonância magnética para monitorizar a química do cérebro ao longo de um dia de trabalho. Assim, a pesquisa contou com 40 participantes, divididos em dois grupos: um que precisava de pensar muito, com uma rotina de trabalho de seis horas, com apenas dois intervalos de dez minutos, e outro que tinha tarefas cognitivas relativamente mais fáceis. Os cientistas observaram um aumento nos níveis de glutamato no cérebro dos que trabalharam mais.