Para a serpentina, haverá sempre Paris

No início do século XX, a serpentina rasgava fronteiras e rumava a outros países da Europa (Foto: Freepik)

A serpentina deve a sua existência à capital francesa e a um funcionário do telégrafo. Mas chegou a ser proibida. Pelo custo e pelas árvores.

Artefacto indispensável em qualquer Carnaval que se preze, a serpentina tem uma história algo fosca. As primeiras notícias sobre o uso deste objeto chegam-nos de Paris e de 1893, precisamente um ano depois do aparecimento do confete. Conta-se que a invenção terá sido obra de um empregado do telégrafo que trabalhava numa agência de correios.

O dito funcionário, cuja identidade permanece desconhecida, ter-se-á servido de bobinas inutilizáveis. Certo é que o artefacto depressa ganhou uma popularidade sem igual na capital francesa.

Curioso é perceber como as serpentinas eram feitas nos primeiros tempos da sua existência. Reza a lenda que na altura era utilizada uma máquina especial para reaproveitar cartazes velhos. Estes eram então transformados em tiras de papel com uma polegada de largura e até 20 metros de comprimento.

Et voilà, era ver os parisienses do alto das suas janelas (do topo das árvores também) a encher as ruas de coloridas serpentinas. Uma notícia datada de 1902 dava conta de que só no domingo de Carnaval tinham sido vendidos mais de 200 mil rolos.

Por esta altura, no início do século XX, a serpentina rasgava fronteiras e rumava a outros países da Europa – e ao Brasil, por exemplo. Mas a sua existência não foi sempre serena. Em vários períodos, algures entre as décadas de 1910 e 1930, o objeto chegou a ser proibido pelas autoridades parisienses.

A justificação? O processo de remoção das serpentinas das árvores, executado com recurso a ganchos de ferro, era demasiado caro. E podia danificar as plantas. Como se percebe pela popularidade que ainda hoje tem, o argumento não vingou.

Serpentinas em destaque na edição da “Figaro Illustré” de 1 de março de 1894