Teremos sempre o cheque em branco

O início do cheque bancário remonta ao século XVI

De origem pouco consensual, viveu um período de crescimento exponencial até ao início do século, mas tem hoje os dias contados.

Séculos volvidos, ainda não há maneira de se chegar a um consenso em relação às origens do cheque. E a diferença não é propriamente questão de pormenor: enquanto uns defendem que foram os romanos a inventá-lo, uns 300 anos antes de Cristo, outros garantem que este só surgiu na Holanda, já no século XVI. De resto, nem em relação à origem da palavra há acordo. Os ingleses juram que vem de “check” (que significa verificar), os franceses asseguram que a palavra resulta do termo “echequier” – tabuleiro de xadrez, portanto.

Soa rebuscado, sim, mas a tese tem razão de ser. No século XVI, quando ainda não existiam casas de câmbio, era aos banqueiros que os mercadores confiavam os lucros. A cada depósito, era entregue um recibo, que não tardou a ser usado como meio de pagamento. Era o início do cheque bancário. E o tabuleiro de xadrez? Pois, era a forma das mesas usadas pelos banqueiros da altura.

Certo é que a ideia dos recibos rapidamente foi adotada e melhorada pelos ingleses. Os cheques passaram então a incluir numeração em série para evitar falsificações. E depressa se tornaram objeto de uso massivo pelo Mundo fora. A tendência só mudaria de sentido já no início do século. Em Portugal, o número de pagamentos com cheque era, em 2018, seis vezes menor do que no ano 2000. E se o futuro deste objeto se adivinha, por isso, sem cobertura, resta-nos, pois, o cheque em branco. Que mais não seja como expressão de total confiança.