Praticar desporto com o cão. Sim ou não?

Para praticar atividade física com o dono, o animal deve estar na idade ativa

Correr e andar de bicicleta ou patins com o animal de estimação exige a avaliação de vários fatores, a começar pelas características do bicho. O risco varia também conforme o tipo de desporto.

Passear o cão enquanto se pratica exercício parece ser a combinação perfeita. No entanto, é necessário ter em conta que correr, andar de bicicleta, patins ou trotineta não representa o mesmo esforço para a pessoa e para o animal. Antes de iniciar este tipo de atividade, é importante ponderar vários fatores.

Independentemente da idade, raça ou condição física e mental, a preparação é a chave, refere Ilda Rosa, especialista em comportamento e bem-estar animal, porque “os animais, tal como os humanos, precisam de adaptação ao exercício físico”.

Teresa Ribas, veterinária especializada em comportamento animal no Hospital Veterinário de Gondomar, aconselha a que cão se vá familiarizando com o ambiente da atividade, primeiro transportado numa mochila apropriada, para se habituar a determinados movimentos, sons e cheiros.

Para praticar atividade física com o dono, o animal deve estar na idade ativa. Cães com menos de um ano de idade não estão aptos para correr ou caminhar por longos períodos de tempo, mas os mais idosos também não devem ser expostos a exercício intenso. É necessária ainda maior atenção com animais que tenham tendência para problemas articulares, como os labradores ou os pastores-alemães, exemplifica Teresa Ribas.

A propensão para problemas cardíacos ou respiratórios também pesa na equação. “Uma visita prévia ao veterinário é sempre aconselhada”, nota Ilda Rosa. Em resumo, a docente da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de Lisboa afirma que os animais “devem exercitar-se tendo em conta a estrutura mental e física”.

Há fatores ambientais que são igualmente importantes. O pavimento, a temperatura, a velocidade, a duração do exercício e a quantidade de tráfego devem ser adaptados ao animal. Paragens para descansar e água sempre disponível são cuidados a ter, sublinha Teresa Ribas. Quanto ao tipo de trela, a veterinária do Hospital de Gondomar assinala a preferência por peitorais, de forma a evitar possíveis danos em casos de urgência.

Apesar de todos os fatores colocados na balança, para Ilda Rosa o ideal é optar por andar a pé, devido ao risco acrescido que transportes como bicicleta, trotineta ou patins podem apresentar. “Tem de ser um animal muito bem-educado, porque se dá um esticão por curiosidade ou agressividade, pode ser muito perigoso”, para o animal e para o dono.

No caso da bicicleta, existem adaptadores que garantem mais segurança, recomenda Teresa Ribas. A veterinária lembra ainda que o animal deve ser sempre colocado do lado do passeio, de forma a evitar o tráfego.