A sua identidade artística confunde-se com a da companhia que fundou, em 1995, antes de ter qualquer formação em teatro. Foi o rosto do Clube Disney durante três anos. Interessa-se por gestão cultural. Diz-se pronto há anos para o que aí vem: a condução dos destinos do Teatro Nacional D. Maria II.
Avançou para a sua carreira no teatro colocando o “carro à frente dos bois”, como reconheceu em várias entrevistas. Ou seja, antes de qualquer formação já tinha criado a sua companhia, o Teatro Praga, em 1995. Tinha 19 anos e urgência em participar num universo onde se faziam obras como “Ñaque ou sobre piolhos e atores”, texto de Sinisterra encenado pelo Teatro Meridional, ou “O conto de inverno”, de Shakespeare, trabalhado pela Cornucópia – os dois espetáculos que o engancharam na arte teatral.
Saiu de um café na Avenida de Roma, em Lisboa, a decisão de formar a nova estrutura, que contava ainda, no seu núcleo original, com as futuras atrizes Cláudia Gaiolas, Sofia Ferrão e Paula Diogo. A conferência de Antonin Artaud “O teatro e a peste” serviu de inspiração para a escolha do nome e o primeiro espetáculo do Teatro Praga foi montado logo no seu ano de nascimento, no Auditório de Benfica: uma encenação de “O concílio do amor”, de Oskar Panizza. Tudo isto “antes de saberes do que estás a falar ou o que estás a fazer”.
A companhia, que nos últimos 14 anos teve como principais protagonistas, além de Penim, André E. Teodósio, José Maria Vieira Mendes e Cláudia Jardim, viria a ser fundamental na definição da sua identidade como ator, encenador e dramaturgo. Mas nos primeiros anos, antes da estabilização, Pedro Penim faria ainda um desvio pelo universo infantil. Os seus olhos pequenos e sorridentes, que lhe dão ainda hoje, como diria Pedro Lamy, um “ar de miúdo”, talvez tenham contribuído para a sua seleção como apresentador do Clube Disney da RTP. Entre 1997 e 2000 tornou-se rosto familiar junto dos mais novos, continuando na sua companhia, durante mais alguns anos, como anfitrião da versão portuguesa do programa Art Attack, que propunha jogos criativos às crianças. De todas as suas experiências na televisão, que incluíram participações em séries e novelas, Penim destaca a passagem pelo Clube Disney como a mais interessante, pela possibilidade que teve de conhecer o país, com constantes diretos a partir de várias cidades.
Quando terminou esse período, estava já formado pela Escola Superior de Teatro e Cinema e pronto a embrenhar-se em profundidade com o Praga, vindo a conquistar o Prémio SPA para Melhor Texto Português Representado, em 2012, por “Israel”, ou um Globo de Ouro pelo espetáculo “Tropa Fandanga”, em 2014. Convocando múltiplas linguagens e criadores, e operando sempre fora de qualquer zona de conforto, a companhia fez digressões por países como França, Alemanha, Turquia Brasil ou China e, a partir de 2015, passou a programar outros grupos no seu espaço na Rua das Gaivotas, em Lisboa.
Penim desdobrou-se ainda pela formação, lecionando em escolas do Porto, Bruxelas ou Istambul. E fez um mestrado em Gestão Cultural no ISCTE que lhe deverá ser útil nas novas funções. “Tenho esse lado da gestão, gosto mesmo das contas, da parte organizacional.” Terá agora oportunidade de aliar essa faceta à de criador teatral na condução do Teatro Nacional D. Maria II, onde irá suceder a Tiago Rodrigues, que se encontra de malas aviadas para a direção do Festival de Avignon, em França.
Pedro Zegre Penim
Cargo: futuro diretor do Teatro Nacional D. Maria II
Nascimento: 05/07/1975 (46 anos)
Nacionalidade: Portuguesa (Lisboa)