Susana Romana

O Natal, Costa e as legislativas e Rio e a regionalização

Rubrica "Partida, largada, fugida", de Susana Romana.

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O Natal foi sábado, pelo que no domingo a maioria das pessoas estava de tal forma a arrotar a borrego e a fios de ovos que nem se conseguia mexer. Obrigada, mesmo assim, por ainda se terem conseguido mexer que chegue para terem folheado a revista para ver os bonecos.

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O Natal lá passou sem roturas de stock, mas com os preços a aumentarem, nomeadamente no supermercado. Não fui a única a notar que quando chegava à caixa tinha de deixar o meu primogénito em troca de uma embalagem de margarina e uns pensos higiénicos com abas.

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Nos supermercados nada faltou, mas a crise dos materiais anda aí. Vai agravar ainda mais o preço da habitação e está a atrasar obras. Os porquinhos mais tolos é que a levam direita: vamos morar em casas de palha e madeira. Mas podemos chamá-las de bungalows, é mais chique.

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Foi-se então o Natal, avançamos em direção ao Ano Novo. A maioria dos réveillons, de norte a sul, foram cancelados por causa da nova variante da covid. O que é bom, porque sem festas estamos a salvo das novas variantes do reggaeton.

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2022 ainda nem começou e já sabemos que vai polarizar, porque arranca logo com as legislativas, a 30 de janeiro. Espero que o resultado, seja qual for, seja claro. Ou corremos o risco de neste ano termos de tomar mais doses de governos do que de vacinas.

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António Costa tem pedido uma maioria absoluta. Mas suspeito que a vai receber tanto quanto eu recebi a mansão dos pinypon no Natal de 1987 – nada feito e o trauma vai demorar anos a passar. #neverforget

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Um tema que se está a tentar trazer de volta para este debate é o da regionalização. No referendo de 1998 perdeu por larga margem. Mas, entretanto, Lisboa começou a fazer pastéis de bacalhau com queijo da serra, por isso acho que está tudo mortinho para ser cada um por si.

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Rui Rio, se for primeiro-ministro, deverá ter todo o interesse em que a regionalização avance. Até porque se há pessoa que está habituado a viver na sua própria região independente, cheia de fronteiras e sem apoio dos vizinhos, é ele. Mais até do que uma região: às vezes parece viver sozinho no seu próprio planeta.