Os recentes ataques racistas a imigrantes no Porto revelam uma realidade dura de digerir. Enquanto há vozes que condenam estes casos, há uma sociedade que procura explicações para tanto ódio.
Uma madrugada demasiado violenta
Foram três ataques num curto espaço de tempo, no Porto, na madrugada de sexta-feira, 3 de maio. Pela uma da manhã, a PSP foi alertada para agressões a dois imigrantes no Campo 24 de Agosto. Dez minutos depois, na Rua do Bonfim, dez imigrantes magrebinos foram atacados em casa por um grupo de homens. Um dos detidos, em prisão preventiva, confessou motivação racista e tudo indica que faça parte de um grupo associado à extrema-direita. Às três da manhã, na Rua Fernandes Tomás, outro imigrante foi agredido.
A memória não esquece
O SOS Racismo recordou, em comunicado, outros crimes de ódio. O assassinato de um indiano, morto a tiro, em sua casa, em Setúbal. Os indianos e nepaleses agredidos por um grupo de jovens em Olhão. A morte de um cabo-verdiano na sequência de um ataque racista e xenófobo no Faial. Os guardas da GNR condenados pelo Tribunal de Beja por ofensas à integridade física qualificada e sequestro agravado de imigrantes em Odemira. “Assistimos a práticas milicianas motivadas pelo ódio racial e xenófobo, típicas de grupos assassinos de extrema-direita.”
“Quando o racismo flui no Parlamento, a violência flui até às ruas”
Mariana Mortágua
Coordenadora do Bloco de Esquerda
Marcelo condena, Moreira pede ação
No sábado, 4 de maio, cerca de 100 pessoas juntaram-se em frente à Junta de Freguesia do Bonfim, no Porto, em protesto. O presidente da República condenou a violência racial e a xenofobia. Rui Moreira, presidente da Câmara do Porto, pediu a extinção da recém-criada Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA), que tem 740 funcionários e 80 milhões de euros de orçamento, acusando-a de “inoperância”.
505%
é quanto cresceram as denúncias de xenofobia contra imigrantes brasileiros, entre 2017 e 2021, segundo dados da Comissão para a Igualdade e Contra a Discriminação Racial.