Susana Romana

Biden, doações de sangue e o aluguer de animais

Rubrica "Partida, largada, fugida", de Susana Romana.

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Convém que se tenha lembrado que domingo foi dia de eleições presidenciais e que podia e devia sair de casa para ir votar. Ainda não há votos em take-away com batatinha frita incluída, claramente uma lacuna de negócio da Uber Eats.

2

No dia 17 houve a hipótese de voto antecipado, marcada por longas filas e estragando o propósito de evitar aglomerações hoje. A mim fez-me só lembrar aquelas pessoas que são as primeiras a levantar-se para entrar no avião, fazendo fila desnecessariamente, enquanto as restantes estão sentadas a comer um croissant que custou 5,75 euros (nota-se muito que estou com saudades de aeroportos?).

3

Outro lembrete importante é que devia levar a sua própria caneta. O que me parece um escândalo: depois de uma campanha sem arruadas e os brindes da praxe, onde é que é suposto uma pessoa arranjar uma esferográfica?

4

Depois de uma vaga de frio cortesia da depressão Filomena, eis que temos chuva com a tempestade Gaitan. Sinto que já não conseguimos simplesmente chamar a este tempo “Inverno”, temos de o batizar com nomes de pessoa. Parece aquelas pessoas que dão nome ao carro ou a determinadas partes do corpo. “Ai, tenho de ir no Boguinhas ver o meu Robertão.”

5

No momento em que escrevo, ainda não se deu a tomada de posse de Joe Biden como presidente dos Estados Unidos. Espero que tenha corrido bem e que não tenha acabado num filme de apocalipse do Michael Bay. Se o senhor do chapéu com corninhos – aquele que invadiu o Capitólio como se fosse o Festival Andanças – não tiver saltado para as cavalitas da Kamala Harris com um x-ato, já me dou por contente.

6

Quanto a Trump, concedeu mais de 140 perdões e comutações de pena a poucas horas de sair da Casa Branca. A TVI não ficou apeada porque a Fátima Lopes desistiu de apresentar a nova versão do “Perdoa-me”? Acho que está aqui o substituto.

7

No concelho de Barcelos, há quem recorra ao aluguer de animais para justificar saídas regulares à rua, denunciou o presidente da Câmara. Que falta de civismo. Aposto que são aquelas pessoas que nem têm o cuidado de devolver o cão com o depósito cheio.

8

O Instituto Português do Sangue precisa urgentemente de donativos, já que as reservas hospitalares estão em níveis preocupantes. Não tenho uma piada para isto, desculpem. Mas se calhar em vez de estarmos todos a borbulhar o sangue com o que lemos nas redes sociais, mais vale pôr esse sangue já fervido a bom uso.