O que queres ser quando fores grande?

Foto: Orlando Almeida/Global Imagens

Vicente Abrantes | 12 anos, Lisboa

Foto: Leonardo negrão/Global Imagens

“Preferia construir uma nave do que ir à Lua”

Se aos 12 anos a vida do Vicente já parece uma epopeia, imagine-se o que há de vir. Começou cedo: “A minha mãe é mexicana, o meu pai português. Já morei lá e agora moro cá. Já viajei muito e faço muitas coisas.” Coisas como “ler bastante à noite”, correr e desenhar. Mas não são rabiscos, é arte séria. Colorida. À mão e no tablet, “com aplicações”. É de ficar de queixo caído. E as animações? “Para isso não uso desenhos meus, faço-as com Legos, sou fanático por Legos, sabe o que é?” Sei. “Gosto de criar histórias aleatórias.” Algumas inspiradas no “Star Wars”. “O universo fascina-me.” Foi sempre assim. Quando era mais pequeno, lembra-se bem, até pensou ir à Lua. “Acho que todos sonham com isso.” Mas agora que os ossos cresceram mais um bocadinho, pensou melhor. “Claro que se me propusessem eu ia gostar, mas tinha outra preferência. Como gosto de mecânica, de roldanas, de robótica, preferia construir uma nave do que ir à Lua.” Quem sabe? “Sim, daqui a 12 anos o Mundo está diferente. Até ser grande ainda falta algum tempo, vamos esperar para ver.”

Martim Martins | 11 anos, Freixo de Espada à Cinta

Foto: Rui Manuel Ferreira/Global Imagens

“Médico de tratar vírus para ajudar as pessoas”

Até há três meses, Martim tinha definido que quando fosse grande seria professor de História. Foi o novo coronavírus que substituiu esse sonho por outro. “Afinal, decidi ser médico de tratar vírus, para ajudar as pessoas.” O tempo que tem passado em casa clareou-lhe as ideias. “Também gostava de ser caçador nos tempos livres. Como o meu tio, que me tem contado muitas histórias.” Os pais já estão a par dos ousados planos. “E não se importam. Disseram-me só que antes tenho de estudar e ter uma profissão para conseguir comprar a arma e os dois cães de que preciso.” À lista do seu futuro acrescenta viajar. “Ia ao Alasca, porque gosto da natureza. Não posso é aproveitar muito por causa das alergias que tenho às oliveiras, ao pelo dos animais e a algumas flores.” Por isso, ainda que chegue a ir, sabe que vai sempre voltar. “Prefiro viver em Freixo para estar rodeado da minha família, que me pode ajudar a qualquer hora.” O outro motivo é o avô, que tanto lhe tem ensinado “coisas importantes sobre a terra”.

Beatriz Sá | 10 anos, Fundão

Foto: Miguel Pereira da Silva/Global Imagens

“Estou mais inclinada para ser bancária”

Um dos seus grandes sonhos já foi concretizado. “Queria ter um irmão. Gosto tanto dele. Desde pequena que pedia.” Depois do mano chegar não pediu mais nada “assim tão específico”. Agora, o que mais quer é que a família “seja unida e que tenha sempre saúde”. Há outro desejo, lembra-se de repente. “É em relação ao Mundo. Gostava que não o estragassem. Estão a prejudicá-lo e a nós também.” Beatriz ainda não é crescida, “eu sei”, mas tem “passado a palavra”. E quando for maior, garante, “ainda vou falar mais do assunto”. E já que a conversa chegou aqui ficamos todos a saber: “Quando crescer estou mais inclinada para ser bancária.” Move-a a paixão pela matemática. “Os números”, sorri. E agrada-lhe a ideia de estar sempre em contacto com as pessoas. “Por exemplo, eu adoro ir ao banco, não sei porquê. A melhor parte é estar a falar com o senhor ao balcão e depois receber o troco.” Será uma profissão de emoção, imagina. “Vou poder chegar a casa e desabafar os meus problemas de trabalho.”

Rita Martins | 10 Anos, Évora

Foto: Orlando Almeida/Global Imagens

“Ilustradora, porque sou feliz a desenhar”

Dados os gostos, não havia outra opção. “Estou sempre a desenhar quando estou com tédio.” E quando não está, desenha também. “Então quero ser ilustradora.” Enquanto o dia não chega, Rita acumula motivos para justificar a futura profissão. “Mesmo não tendo a nota mais alta a Educação Visual sou feliz a desenhar.” E, por outro lado, “as ilustrações são importantes para quem lê livros.” O que mais gosta de fazer é retratos. “As pessoas dizem que ficam bonitos, mas eu quero melhorar.” Uma jovem artista movida a desafios. “Quando comecei achei fixe. Aprendi sozinha. Mas os desenhos são difíceis.” Então, às vezes vai ao YouTube e procura retratos realistas. “Eu sei que posso sempre melhorar.” Daqui a dez anos, “um tempo muito distante”, ainda se vê a morar com os pais em Évora, “uma cidade boa para passear”. Só mais uma coisa: “Não sei se a minha mãe sabe, mas quando for grande gostava de ir a Nova Iorque. O facto de na quarentena não ir a lado nenhum deu-me essa ideia.”

Lara Monteiro | 13 anos, Gaia

Foto: Pedro Correia/Global Imagens

“Há possibilidades que ainda não conheço”

As ciências sempre foram o seu grande fascínio. “Tive uma fase em que queria muito estar num laboratório.” Agora, confessa, começa “a achar mais graça à Matemática.” Há uma palavra responsável por essa mudança de interesse: arquitetura. Ciente de que ainda tem tempo para decidir, a pequena Lara prefere arrumar o assunto de vez. “Ainda não sei muito bem a profissão que vou ter. Nesta altura, nada é certo. Há muitas possibilidades que ainda não conheço.” Já outros temas não a deixam tão indecisa. Correr Mundo é um deles. “Já fui às Ilhas Canárias, a Lanzarote, a Cabo Verde, aos Alpes, a Londres…” Mas onde queria mesmo ir era à Disney World e ao estúdio onde filmaram ‘Friends’, nos Estados Unidos. “Já vi a série toda. Decorei frases inteiras. Quem me dera decorar assim as coisas na escola.” Se o sonho se concretizar, não deverá ter problemas com o idioma. “Gosto muito de inglês”, o que ajudará nas viagens e se vier a estudar ou trabalhar no estrangeiro. “Já pensei nisso.”

Martim Laranjeira | 9 anos, Águeda

Foto: Artur Machado/Global Imagens

“Gostava de viajar, de ir ao Japão”

Devia ter sido apenas uma pesquisa para um trabalho da escola, mas acabou por se tornar um grande sonho para o pequeno Martim.”Gostava de viajar, de ir ao Japão”, conta com entusiasmo. A frase sai-lhe como se fosse um foguete. É longe, bem sabe. Ao mesmo tempo, é longe, mas não imagina o quanto. Sabe que tem templos, “grandes, bonitos e diferentes”. Ele já os viu, enquanto fazia um power point a pedido da professora. “Foi ela quem escolheu o sítio. Já vai há muito tempo.” O passado, de facto, nem sempre importa. Para este menino, importante é o que ainda aí vem. E a Matemática. “Gosto de contas, quero ser engenheiro informático, por causa das tecnologias e para continuar a fazer pesquisas.” Pesquisas sobre a natureza, as flores e os seus cheiros – “gosto das orquídeas” – e os animais. “Tenho um hamster, um coelho doméstico, cães, gatos, pássaros, galinhas e patos.” Martim vive com os avós, no campo. “Eu gosto.” Um dia vai morar sozinho. “Onde arranjar casa, mas preferia numa cidade.”

Mariana Viegas | 10 anos, Olhão

Foto: André Vidigal/Global Imagens

“Aprender a fazer surf e ganhar um prémio”

Educação Física deixou, há muito, de ser uma disciplina para ser um sonho. Uma forma de vida. “Sim, sim, já sei o que quero ser quando crescer.” Despachada, toca sem medo na ferida: “Gostava que as raparigas mostrassem mais as suas habilidades e tivessem o mesmo reconhecimento no desporto que os rapazes”. E porque é bem menina de seguir fiel aos seus valores decidiu “há muito” que há de ser professora de Educação Física. Para já, pratica tudo o que pode: futsal e dança. É inato. Como se um bicho-carpinteiro tivesse nascido com ela. “Sempre gostei de correr, de fazer desporto, de jogar à bola.” Na lista do amanhã acrescenta mais pontos: “Aprender a fazer surf e ganhar um prémio, mas por mérito próprio, de atletismo, de salto em comprimento, do que for”. Ficaria “muito feliz”. Conhecer a Madeira, “um sítio giro” a que nunca foi, é outro peso que lança para o horizonte. Por fim, ainda recorda ao pai, que ouve atento a conversa, uma vontade antiga. “Assistir a um jogo de futebol da seleção, no Estádio do Algarve.” A vida não tem de ser complicada.

Alice Borralho | 10 anos, Mafra

Foto: Direitos Reservados

“Atriz de cinema. De comédia”

Tudo começou no verão do ano passado. “Eu sou muito boa nas aulas de teatro e decidi: quando for grande quero ser atriz.” Mas atenção que há preferências. “Atriz de cinema. De comédia”, que a vida tem de ser leve e feliz. A pequena Alice tem o seu futuro planeado ao pormenor. “Vou viver aqui em Mafra, mas não na casa dos meus pais porque depois eles vão começar a ficar chatos.” A sério? “Sim, já lhes disse.” Nada é por acaso. Assim, poderá, por exemplo, voltar à Disney, onde já esteve “três ou cinco vezes”? “Não me lembro bem de todas. Mas gosto mesmo muito da Disney. Da Minnie e das montanhas russas. Os meus pais estão cansados de lá ir. Eu não.” Mas há outros destinos na lista para quando for adulta. “África, porque sabe bem andar nas dunas. E faz calor.” Era um bom cenário para um filme. “Ah sim, sim. Quem sabe.” Até lá, vai continuar com as aulas de bateria e de guitarra. “E com os treinos em casa. A minha mãe e irmã queixam-se.” Não da falta de talento. “Eu sou muito boa. É mesmo pelo barulho.”