Susana Romana

O Brexit, Passos Coelho e a entrada em 2021

Rubrica "Partida, largada, fugida", de Susana Romana.

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E faltam quatro dias para acabar este ano que vai deixar tanta saudade como aquele ex-namorado que não tomava banho e tentava espreitar a nossa irmã a trocar de roupa. 2020, ao nível das calamidades, é mais concentrado do que aquele detergente que lavou os pratos todos da feijoada da Ponte Vasco da Gama só com uma gota.

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Normalmente, esta altura é dedicada às listas dos favoritos do ano que está a acabar. Mas este ano o meu acontecimento preferido foi aprender a fazer tostas de Nutella com banana. E a Personalidade do Ano foi o estafeta que me vinha cá deixar coisas a casa sem nunca comentar o facto de eu estar sempre com o mesmo pijama.

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Não é de estranhar que um ano tão mau acabe com o regresso de alguém que ninguém pediu: Cavaco Silva deu uma entrevista com críticas ao Governo. Agitou alguma Direita, mas teve pouco impacto na opinião pública. Da próxima vez, faça em tronco nu, à Marcelo. Ou as ligaduras egípcias demoram um horror de tempo a enrolar e desenrolar?

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Outro regresso é o de Passos Coelho, que pode estar de volta à vida política. Ouve-se falar em crise e há logo alguém que atualizar o CV no LinkedIn com um “larga experiência em austeridade na ótica do criador”.

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Ora faltarem quatro dias para acabar o ano é também sinónimo de que faltam quatro dias para se efetivar o Brexit. Os detalhes das negociações entre União Europeia e Reino Unido estão a decorrer até à última hora, com ambas as equipas a darem tudo em campo para não saírem a sentirem-se derrotadas. Mas suspeito que vão andar a recorrer ao VAR até às 23.59 horas.

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Na verdade, o fecho do Reino Unido ao resto da Europa já se deu, uma vez que uma nova estirpe do vírus levou ao fecho de várias fronteiras. Não se sabe muito sobre esta nova estirpe, tirando que está mais à solta que uma vaca barrosã num programa da Cristina Ferreira.

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Porém, o fim do ano é de alguma esperança, com a vacinação a começar um pouco por todo o Mundo. Algumas pessoas têm reticências com efeitos secundários, como Bolsonaro, que advertiu: “Se você virar um jacaré, é problema seu”. Pois, mas eu prefiro virar material para a pochete de um milionário saudita do que virar um Bolsominion.

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Um bom 2021 (aquele clássico “que o melhor do ano que passou seja o pior do ano que entra” nunca fez tanto sentido) e não se esqueça: este “revelhão” vista todas as cuecas azuis que encontrar, umas por cima das outras. A sorte faz-nos falta.