Herman não está para piadas: a pneumonia é para levar a sério

Herman José é a imagem da campanha (Foto: Gerardo Santos/Global Imagens)

Humorista é o rosto de campanha de sensibilização para a importância da vacinação antipneumocócica. Chama-se "Leva-me a sério" e vai hoje para o ar. Primeiro online, na televisão a partir de 3 de outubro.

Chama-se “Leva-me a sério” e mostra a ironia de uma doença grave, que tem formas de prevenção conhecidas e disponíveis, continuar a matar muita gente por ano. Todos os dias, morrem, em média, 16 portugueses por pneumonia. Como podemos levar esta patologia a sério? Como podemos, de uma vez por todas, sensibilizar o país para a importância da imunização contra a pneumonia pneumocócica?

O objetivo passa por isso mesmo, ou seja, por sensibilizar a população para a importância da vacinação antipneumocócica, com foco na pneumonia e nos grupos de risco. Por outras palavras, mostrar de forma clara que a vacinação pode fazer a diferença entre a vida e a morte, que a vacina salva vidas e que protege quem está mais desprotegido.

A campanha está no ar a partir de hoje e assim permanecerá até ao final de novembro. Online, desde já, na televisão a partir de 3 de outubro. Tanto com mensagens gerais, transversais a toda a população, como com mensagens focadas nas diferentes patologias que integram os grupos de risco. A iniciativa parte do MOVA – Movimento Doentes pela Vacinação e Herman José é o protagonista.

O humorista é a imagem da campanha, aparece num vídeo a preto e branco e no material visual e gráfico. Foi escolhido para dar voz e corpo por várias razões. Pela influência, pela idade (está dentro do grupo de risco dos maiores de 65 anos) e, acima de tudo, porque, segundo o MOVA, causa impacto ver alguém que habitualmente faz rir, falar de temas sérios. O tom é imperativo, a mensagem é sóbria. Herman José fala a sério e apela à prevenção. Não há piadas, nem anedotas. Poderia parecer material de comédia, mas não é.

Crianças de pouca idade, idosos, diabéticos, asmáticos, bem como doentes oncológicos e renais, estão entre os mais suscetíveis à pneumonia pneumocócica

“É com enorme expectativa que lançamos mais uma campanha de sensibilização”, refere Isabel Saraiva, fundadora do MOVA. “Estamos prestes a entrar na época percecionada como a de maior incidência de gripe e pneumonia. Se a aposta na prevenção sempre foi fundamental, sobretudo entre os grupos de risco, perante o contexto atual é imperativo que possamos contribuir para a diminuição do recurso aos cuidados de saúde, através da prevenção de doenças pela vacinação”, sublinha.

Tosse com expetoração, febre, calafrios, falta de ar, dor no peito quando se inspira fundo, vómitos, perda de apetite e dores no corpo são sintomas possíveis de uma pneumonia. “Podem surgir, inclusivamente, como complicação de uma gripe. Também devemos estar particularmente atentos, e procurar ajuda, perante quadros de gripe que não apresentem melhorias, ou que vão piorando de forma continuada”, adianta José Alves, presidente da Fundação Portuguesa do Pulmão.

A pneumonia é uma doença grave e potencialmente fatal. Em Portugal morrem, em média, 16 pessoas por dia, vítimas de pneumonia, o equivalente a cerca de 5% de todas as mortes do nosso país. Mesmo em caso de sobrevivência, a pneumonia pode deixar sequelas graves e agravar patologias anteriores.

Conhecer os sintomas e o recurso atempado aos cuidados médicos poderão fazer toda a diferença entre a vida e a morte

A vacinação antipneumocócica é a forma mais eficaz de prevenir a pneumonia. A Direção-Geral da Saúde recomenda, aliás, a vacina a todos os adultos pertencentes aos grupos de risco. “Entre os mais fragilizados estão idosos, diabéticos, doentes respiratórios crónicos, doentes cardíacos, doentes oncológicos e imunodeprimidos”, especifica José Alves.

A vacina já é gratuita para as crianças e grupos de alto risco, para quem está no Programa Nacional de Vacinação, mas, segundo o presidente da Fundação Portuguesa do Pulmão, “a sua eficácia é bem mais abrangente e está comprovada em todas as faixas etárias.” “Para além da vacinação antipneumocócica, as medidas preventivas da pneumonia incluem a vacina sazonal contra a gripe e o abandono de hábitos como o tabagismo ou o alcoolismo”, acrescenta.

Uma alimentação equilibrada, a lavagem regular das mãos, o controlo de doenças associadas, são também práticas recomendadas

“Ao vacinarmo-nos estamos a diminuir a mortalidade e o risco de morte, a reduzir a morbilidade, bem como os custos pessoais e os de saúde pública.” “Nos dias que correm, ao vacinarmo-nos contra a pneumonia estamos também a dificultar a vida ao Sars-Cov-2, uma vez que estamos a reduzir a necessidade de recorrer à ajuda e aos cuidados médicos, e assim a facilitar a resposta dos nossos serviços de saúde. Vacinar foi sempre importante, mas nesta altura é ainda mais”, realça o presidente da Fundação Portuguesa do Pulmão.