Cestas novas, arte tradicional

Elizabete Cleto mudou-se há um ano para Vilamoura e fundou a Lindona Bags (Foto: André Vidigal/Global Imagens)

A técnica é secular. As folhas de palma, outrora utilizadas para embalar figos, alfarrobas e amêndoas para o seu transporte, são colhidas, postas a secar, separadas consoante a espessura, mergulham num banho de enxofre para clarear ou tingir, e são entrelaçadas com os jeitos do objeto que se pretende. Elisabete Cleto usa-as em forma de cestas e malas. “A manufatura de cestas de palma é feita por pessoas mais velhas e está em risco de desaparecer”, adverte. Essas cestas são a base do seu projeto Lindona Bags, que ganhou consistência durante o recolhimento forçado pela pandemia.

Cada peça é única, numerada, feita à mão. Cestas e malas pensadas para a praia e para a cidade e até mesmo feitas à medida e ao gosto de cada cliente. A matéria-prima vem de artesãos do Algarve, as decorações de vários países. Materiais e influências de diferentes partes do Mundo, padrões étnicos de diversas origens. As viagens têm dedo e responsabilidade nestes retoques finais. “A decoração transmite essas influências, o calor e as cores de vários países que visitei.” Tecidos e bordados da Índia e de Marrocos, fitas do Oriente, missangas, peças de cerâmica, búzios, franjas, pompons, lantejoulas, berloques, flores, espelhos, rendas, contas de madeira. A descrição cabe numa frase. “Na Lindona Bags, o tradicional funde-se com a modernidade, o regional com o cosmopolita, em perfeita harmonia.” E acrescenta: “A intersecção de culturas não nos faz mal, não nos prejudica, não nos diminui”.

Elisabete Cleto, natural da Guarda, foi professora de Português durante 20 anos, depois abriu uma loja em Aveiro, onde já fazia produtos exclusivos e originais pelas próprias mãos e com materiais portugueses, malas inclusive. Há um ano mudou-se para o Algarve, para Vilamoura, e o coração continuou a bater forte pela veia artística. “Decidi agarrar-me a uma coisa que gosto de fazer, ser uma mais-valia ao que é tradicional, acrescentando o que é inovador”.

A ideia de consolidar a marca anda na sua cabeça. Elisabete quer criar uma série de malas com pérolas e brilhantes, mais para a noite, e uma linha de sandálias, chapéus e vestuário. E tem planos para abrir uma mini fábrica com artesãos locais que trabalham a palma. Neste momento, as suas cestas e malas estão à venda em site próprio, nas redes sociais e em algumas concept stores do Algarve. Custam entre 60 e 110 euros.