Tesoura: a história de um objeto com mais de 3000 anos

Por Ana Tulha

Uma única peça de metal, tipicamente de bronze, formada por duas lâminas controladas por uma tira, que as mantinha afastadas até que fossem premidas. Era mais ou menos assim a primeira tesoura que se pensa ter existido, por muito que o nome ainda estivesse a anos-luz de surgir. O singular exemplar remonta ao Antigo Egito e estima-se que tenha surgido ainda em 1500 a.C. Mais de três mil anos depois, a tesoura resiste. E ainda hoje é indispensável a cabeleireiros e costureiras, vindimeiros e cirurgiões. Entre muitos outros.

Pelo meio, a tesoura viveu um sem fim de vidas. E deve aos romanos grande parte da evolução. Foram estes que, em 100 d.C., desenvolveram um modelo bem mais parecido com o que conhecemos hoje. Além de duas lâminas assimétricas, que deslizavam uma sobre a outra, este objeto passou a ter uma espécie de pivô, possibilitando o efeito de corte. Já nessa altura a tesoura era usada para cortes de cabelo, tosquia dos animais, poda das árvores e corte de tecidos.

Problema. Ou problemas. Vários. Nessa fase, as tesouras precisavam de ser afiadas regularmente. A juntar a isso, eram feitas de ferro e bronze e apresentavam um corte bastante imperfeito. O grande “upgrade” surgiria em 1751, quando um inglês de Sheffield, chamado Robert Hinchliffe, criou as tesouras de aço polido. A invenção não só trouxe o aperfeiçoamento do corte como ajudou a massificar a sua utilização. Hinchliffe é por isso considerado o pai da tesoura (e não Leonardo da Vinci, como se foi dizendo).

Desde então, o instrumento conheceu umas quantas variantes – como a tesoura dentada, patenteada pela americana Louise Austin, em 1893, ou as tesouras especificamente destinadas à jardinagem, à tosquia de animais ou às cirurgias médicas. Mas não mais saiu do nosso quotidiano. E até acabou por servir de inspiração à arte