Newman Otas é filho de pais nigerianos mas pertence ao mar. Nasceu esta segunda-feira, a bordo de um navio de salvamento que operava no Mediterrâneo. A história de um parto feliz em alto mar.
Num pequeno bote de borracha insuflável, à deriva no Mediterrâneo, a 40 quilómetros da capital da Líbia, lá estava ela: Faith Oqunbor, uma mulher nigeriana com muitas contrações, prestes a entrar em trabalho de parto. No ventre, o bebé movia-se para baixo e para cima, quase ao ritmo das ondas. A mulher, em pânico, já temia o pior.
Mas o pior não aconteceu. A mulher, que viajava na companhia do marido, Otis, e dos filhos de ambos, Victory, de 7 anos, e Rollrs, de 5, foi resgatada pelo MV Aquarius, um navio de salvamento dos Médicos Sem Fronteiras (MSF), onde acabou por dar à luz Mewman Otas.
«Foi um parto normal em condições anormais e perigosas», escreveu Jonquil Nicholl, a médica que ajudou a trazer o bebé ao mundo, na conta de Twitter dos MSF. «Fico horrorizada só de pensar no que poderia ter acontecido se este bebé tivesse nascido 24 horas mais cedo, naquela embarcação de borracha nada apropriada para o mar.»
No barco insuflável estavam outras mulheres e crianças, que também foram resgatadas. Segundo os Médicos Sem Fronteiras, das 253 pessoas salvas, 97 são menores de idade, 10 são crianças com menos de cinco anos e 4 são bebés com menos de 12 meses. O barco seguia em direção ao sul de Itália.
Só no passado fim de semana a Guarda Costeira italiana conseguiu resgatar 2.300 migrantes, quase todos vindos da Líbia. A missão teve o apoio de 18 navios de várias organizações não governamentais.