Onde se ganha o pão, não se come a carne.» O ditado popular não tem autor definido, mas tornou-se um conselho para que trabalho e prazer carnal não se misturem. Criou-se a ideia, ao longo dos anos, que os romances no local de trabalho são prejudiciais para ambos os elementos do casal e para os resultados profissionais em si. Mas em todos os provérbios existem sempre exceções à regra, por isso fomos à procura de casais que tivessem a mesma profissão ou trabalhassem juntos. Pedimos que nos contassem as suas experiências, as dificuldades e as vantagens de partilhar todas as horas do dia com a mesma pessoa. Dois chefs, dois atletas de alta competição e dois empresários mostram como se destrói um mito.
«Aquela viagem de avião mudou a minha vida», garante Esmeralda, artista plástica e empresária de 31 anos. «Foi uma viagem que parecia tirada de um filme», recorda João, dois anos mais velho, arquiteto e empresário. Falam ambos do mesmo voo para a ilha da Madeira, quando se conheceram. Ele vinha de um funeral, com fato escuro e olhar distante. Ela, viajava de Itália com um grupo de mulheres, uma equipa inteira – a Scavollini Volley. Não passavam despercebidas: altas, atléticas, bonitas. Entre elas estava Esmeralda Fetahu, na altura fisioterapeuta quase psicóloga, tal a proximidade que mantinha com aquelas mulheres italianas, russas ou polacas. João Miguel Fernandes já falava italiano na altura. E bem. Foi assim que percebeu os piropos lançados pelas jogadoras. Manteve-se em silêncio, ouvindo as conversas e pensando na sua vida. Mas tudo tem um sentido e acabou sentado, no avião, ao lado de Esmeralda. Hoje, sete anos depois, têm dois filhos, uma vida em comum e acabaram de se lançar num projeto empresarial conjunto, o wine bar Vestigius, no Cais do Sodré, em Lisboa.
Esmeralda nasceu na Albânia, à beira do Adriático. Viveu até aos nove anos no país, até que os pais decidem melhorar o futuro da família, mudando-se para Itália. «Lembro-me de que a comida era racionada, parecia que vivíamos no século xix, e de repente mudei-me para o século xx», recorda. Na adolescência entrou para a Escola de Belas-Artes de Ancona e, aos 19, iniciou um curso de Fisioterapia que a levaria a exercer essa atividade de forma profissional na equipa tricampeã de Itália de voleibol. João Miguel optou pela arquitetura, a sua grande paixão, mas a tendência para o mundos dos negócios nunca deixou de estar presente. Esmeralda classifica-o sem rodeios: «Ele nasceu para ser empresário, é um tubarão. Tem imensa visão, abre portas às outras pessoas e eu tento controlar essa energia para que ninguém se aproveite dele, tento protegê-lo.» João também é claro quanto às qualidades da mulher: «É inspiradora, tem uma energia única e um talento natural.» Ele mais emocional, ela mais mental – «Não poderíamos funcionar de forma diferente», confessa a albanesa enquanto espreita pela porta de entrada do bar de vinho e sala de espetáculos à beira do Tejo. Chegaram ao nome Vestigius dois anos e meio antes de as portas se abrirem e todo o processo de recuperação do antigo armazém foi um misto de criatividade e confiança. A organização e decoração do bar ficou a cargo de Esmeralda e não houve a mínima discussão aquando do processo criativo. «Sabe porquê?», pergunta Esmeralda, «porque ele confiou em mim a cem por cento. A confiança é a chave e na nossa relação não pomos isso em causa, sequer. Complementamo-nos. Se fossemos demasiado similares andaríamos sempre às cabeçadas.»
A viagem de avião deu para João e Esmeralda se descobrirem. Falaram dos interesses em comum, dos estudos que ambos tinham feito, apaixonaram-se. Conheceram-se em novembro e em maio ele foi para Itália. Depois, foi a vez de ela passar quinze dias em Portugal. Tudo mudou ao terceiro ano de relação, quando nasceu o primeiro filho, hoje com quatro anos. Passaram a viver em Portugal e há dois anos tiveram o segundo. «São uns rebeldes» – diz a mãe orgulhosa – «mas não poderia ser de outra forma». João é um homem aberto ao que vem de fora, ao que é feito – e bem feito – noutros países. Os seus projetos arquitetónicos são pensados no escritório do primeiro piso do edifício do novo bar, mas também em Luanda. É na capital angola que desenvolve a maioria do seu trabalho. E ideias não lhe faltam. É um empreendedor, não tem medo de arriscar. Esmeralda volta a mostrar que é dona de uma personalidade forte e cativante: «Ele confia à primeira nas pessoas, com base na empatia. Eu fico com a minha opinião, mas não tiro conclusões de forma rápida».
Na esplanada há um barco que se transformou em mesa. Está à entrada do bar, com a Ribeira das Naus ali bem perto. Nas traseiras funciona outro dos projetos da família – a Pizzaria do Bairro, fatias da tradição italiana com sabores unicamente portugueses. É mais uma aposta de sucesso de um casal que não gosta de estar parado. No wine bar, a antiga salgadeira é agora uma cave onde não faltam alguns dos melhores vinhos do mercado, responsabilidade do sommelier João Chambel. Há obras de arte nas paredes, de artistas nacionais e não só. Há livros históricos que descem do teto em elevadores pensados para o efeito. Há espaço para concertos, para eventos diversos e para ver o rio de forma tranquila. É o local com que Esmeralda e João sonharam e ambos estão de acordo: «É impossível separar o dia de trabalho do dia de vida familiar. Neste momento é assim, temos consciência de que é um período que vai passar rápido, mas se não vivermos em stress agora, quando é que o vamos fazer? As prioridades mudam sempre.»
Aos 41 anos, Rodrigo da Costa Félix é finalmente fadista profissional. «Há vinte anos que andava a fugir das evidências, mas não estou arrependido do tempo que passou, as coisas têm o seu rumo e andei a descobrir outros pontos de interesse.» Foi apenas em junho do ano passado que saiu da RTP, onde trabalhava em pós-produção. Para trás já tinham ficado incursões por muitas outras áreas, como a gerência de um bar em Cascais, o estudo de Engenharia de Som em Londres ou as duas tentativas de licenciatura em Comunicação Social. Além disso, estudou russo, tirou um curso para jovens agricultores e meteu as mãos na terra da propriedade do pai, no Alentejo. «Gostei daquela vida, mas o relacionamento profissional com o meu pai não era o melhor e acabei por sair.» Entretanto, o fado foi sempre o seu companheiro. Começou a cantá-lo aos 17 anos, tinha ganho o gosto por influência da mãe e com a maioridade passou a visitar de forma regular os locais onde o podia ouvir. Foi contratado pela São Caetano, passou pela Taverna do Embuçado e depois pelo Clube do Fado, tudo em Lisboa. E foi aqui que conheceu a mãe dos seus filhos, mulher e companheira de palco.
Marta Pereira da Costa é a única guitarrista profissional de fado do mundo. O piano foi a sua primeira paixão. Tinha quatro anos. Aos oito passou para o estudo da guitarra clássica e, aos 17, iniciou-se na guitarra portuguesa por influência do pai, que acabaria por levá-la ao Clube do Fado. O objetivo era o de conhecer o proprietário do espaço, Mário Pacheco, um dos maiores nomes da guitarra portuguesa. Marta passou a frequentar e um dia deu de caras com Rodrigo. «Ela adorava ouvir-me cantar e comentava com as amigas que eu era giro», confessa o fadista que se lembra bem do que pensou dela quando a viu. «Chamava a atenção, ia sempre bem arranjada e muito bonita.» O problema era a idade – ele é dez anos mais velho. «E a Marta ia quase sempre com o pai, um homem que impõe respeito. Além disso, era protegida do Mário Pacheco…» No dia em que fez 18 anos, Marta pediu ao seu mentor para ir tocar a casa da avó e para levar Rodrigo e a fadista Ana Sofia Varela. «Nessa noite conheci a família dela, mas não se passava nada entre nós», garante o homem que em 2012 recebeu o prémio Amália de disco do ano pelo álbum Fados de Amor, o primeiro da história do fado a ter uma mulher na guitarra portuguesa. Marta, essa mulher, lembra-se bem da primeira vez que o viu. «Vi-o a cantar na televisão e gostei logo da voz, não foi amor à primeira vista. No Clube do Fado, tinha vergonha de falar com ele e ainda levou algum tempo até iniciarmos a nossa relação.»
Há dois anos, Marta Pereira da Costa foi a primeira do casal a tomar a decisão de se profissionalizar. Deixou para trás o trabalho de investigação no Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) que acumulava com o de professora de piano num colégio. Hoje, não têm dúvidas sobre o trajeto escolhido. «Quando tomamos decisões certas, o universo conjuga-se. Gostamos ambos de viajar, fazemos o que gostamos, vivemos a emoção dos palcos, conhecemos novas culturas, somos uns sortudos. Às vezes são autênticas luas de mel.» A guitarrista que vê três caraterísticas singulares no homem que tem a seu lado: «Ele é supercharmoso, tímido e um bon vivant. Acho que foi isso que me atraiu, achei querido ele ser tímido.»
«Muitas vezes os relacionamentos nestes meios acabam porque há muita solicitação, os perigos são muito grandes», diz Rodrigo. «No nosso caso não há grandes segredos, salvaguardamo-nos, até porque estamos sempre juntos.» Casaram em 2005, têm um casal de gémeos e defendem que o segredo para manter boas relações em casa e no trabalho é a partilha. «Conhecemos os meandros da profissão e aconselhamo-nos bem», garante o cantor. E tem dado resultado, conclui Marta: «Estamos num momento ótimo, espero que se mantenha assim e que possamos crescer mais.»
Tomoaki Kanazawa e Kayo Iwasaki conheceram-se jovens, em Tóquio. Trabalhavam juntos num hotel do centro da capital japonesa, ela em pastelaria, ele na cozinha tradicional. «Depois, ela casou com outro e eu casei com uma portuguesa», conta Tomoaki, chef principal e proprietário do restaurante Tomo, em Algés. Seguiram caminhos diferentes. Há 25 anos, ele era um apaixonado pela gastronomia francesa. Fez as malas e rumou à Europa em busca de aperfeiçoar os seus conhecimentos. Trabalhou na Suíça, França e Itália antes de receber o convite da Embaixada do Japão para trabalhar em Portugal – «Fiquei logo impressionado com o país. Não conhecia nada, mas fiquei maravilhado: era tudo muito barato». Quando chegou a Lisboa em 1993, um café custava o equivalente a vinte cêntimos. Em Itália, ficava por qualquer coisa como os atuais dois euros.
São quase quatro da tarde, os almoços já foram servidos, a cozinha está limpa e Tomoaki e Kayo sentam-se para dois dedos de conversa. Ela não fala português. Inglês, muito pouco, mas está atenta aos sorrisos do namorado e às perguntas colocadas. Tomoaki continua a recordar os primeiros tempos em Portugal, o facto de ter levado quase dois anos para aprender as primeiras palavras e a vantagem de ter casado com uma portuguesa para hoje dominar o português. Vai traduzindo as respostas de Kayo, partilham olhares e sorrisos de quem se conhece há muito, apesar de estarem juntos apenas há dois anos. «Voltámos a encontrar-nos pelo Facebook» – anuncia com uma gargalhada o chef japonês, um dos mais conceituados a trabalhar peixe e marisco em Portugal. «Ela estava divorciada, eu também, e convidei-a para trabalhar comigo como chef de pastelaria.»
Kayo veio. Saiu pela primeira vez do Japão, deixando para trás uma filha e restante família. A vontade de voltar a casa é muita, mas apenas de Kayo. «Ela quer, mas eu não tenho nada para fazer lá. Sim, tenho pai, mãe, duas irmãs e seis ou sete sobrinhos, mas não me conhecem. Nunca lá voltei nestes 26 anos, não quis!» – atira Tomoaki num golpe certeiro como os que lança aos enormes peixes com que trabalha todos os dias. «Não temos quaisquer problemas por namorarmos e trabalharmos juntos, o pior são mesmo as saudades de casa», lamenta a japonesa perita em doçaria. Mas o dia a dia dos dois chefs não é fácil. Às nove da manhã entram ao serviço e não saem do restaurante no centro de Algés antes da uma e meia, duas da manhã. Descanso, só ao domingo. É nesse dia que têm o seu tempo. «Dormimos» – ironiza Tomoaki – «Acordamos tarde, vamos almoçar quase sempre fora e voltamos a dormir». Comida japonesa não costuma ser a opção das refeições de domingo, até porque a estrela do sushi e do sashimi em Portugal é apaixonado pela gastronomia nacional – «Já tenho uma costela portuguesa, é a melhor gastronomia da Europa. Não só o peixe, mas a carne, o pão, a hortaliça e o vinho, o melhor».
Segredo para o sucesso de uma relação pessoal e profissional? «Entendimento e respeito. O trabalho dela exige muita concentração e, logo de manhã, quando começa a trabalhar com as máquinas e a fazer barulho, tenho de a respeitar.» Kayo vai ainda mais longe: «O segredo é, daqui a dez ou quinze anos, ainda termos ambos os mesmos objetivos. Se não estivermos em sintonia é muito mais difícil.» E não se refere ao aspeto profissional. Também nisso os dois estão de acordo: «Em casa muito raramente falamos de trabalho.»
Quando, no final de dezembro de 2013, Ricardo Ribas e Dulce Félix estiveram presentes na conferência de imprensa de apresentação da sexta edição da São Silvestre de Lisboa – Guerra dos Sexos, os mais distraídos nem sonhariam que ambos formam um casal. Dulce assumia então que o percurso da prova de dez quilómetros, através da Avenida da Liberdade e da Baixa lisboeta, favorecia as mulheres. Ricardo queixava-se, em tom de brincadeira, que a câmara da capital se teria rendido aos pedidos de Dulce e colocado um piso novo nas ruas do Ouro e da Prata. Trocaram picardias perante a comunicação social e os seus adversários de estrada, mas foi Dulce quem levou a melhor, ganhando a competição. Um mês depois, riem do sucedido, na Pista Gémeos Castro, em Candoso São Tiago, arredores de Guimarães. É aqui que trabalham quase todos os dias, com exceção dos momentos em que estão em competição ao serviço do seu clube, o SL Benfica, ou da seleção nacional. Mas nem sempre foi assim.
As correrias começaram cedo na vida de Dulce, hoje com 31 anos. Iniciou-se no clube da terra, o ACR Conde, aos doze anos estava no Vizela e, aos 24, passou para o Sporting de Braga, um viveiro de grandes atletas do fundo e meio-fundo nacional. Via o seu esforço nas pistas recompensado, mas não era o atletismo que lhe tirava mais energias. Até finais de 2008, Dulce trabalhava numa fábrica de confeções em São Martinho de Conde, onde ainda hoje reside. Fazia toalhas, trabalhava oito horas de pé em frente a uma máquina, das seis da manhã às duas da tarde por cerca de 450 euros ao mês. O atletismo pedia-lhe mais e falou com o patrão para poder entrar duas horas mais tarde e sair às 16h00. O pedido foi aceite e Dulce passou a treinar duas vezes por dia, uma antes e outra depois do horário laboral. Aguentou apenas uma época, antes de se dedicar em exclusivo à modalidade olímpica de maior destaque.
Ricardo tem 36 anos, é transmontano da aldeia de Malhadas, Miranda do Douro, e um dia saiu de casa para correr. O mundo e nas pistas. Tinha um conhecido em Paço de Arcos que poderia ajudá-lo a concretizar o sonho de vingar no atletismo. Gastou o dinheiro das poupanças e rumou ao Sul, onde trabalhou num restaurante e passou a treinar no Estádio Nacional. Foi contratado pelo Maratona Clube de Portugal, sem receber ordenado, só material desportivo. Em 2000 começou a dar nas vistas pelos resultados e pouco tempo depois passou a profissional, com um ordenado a rondar os 250 euros por mês.
Os anos passaram e Ricardo Ribas e Dulce Félix são duas das estrelas da equipa de atletismo do SL Benfica. São treinados por Sameiro Araújo, a mulher que ajudou o Sporting de Braga a conquistar catorze Taças dos Clubes Campeões Europeus. Às nove e meia da manhã, o casal começa o primeiro treino do dia. O almoço é feito em casa, seguido da sesta, do café e de nova sessão física a partir das cinco da tarde. À noite, jantar e televisão – filmes e séries – e repouso para nova jornada. Todos os dias a história repete-se. «De vez em quando também temos jantares com amigos», assegura Dulce. «Fazemos questão disso», acrescenta Ribas, como é mais conhecido. A maior parte dos amigos são os colegas de treino, mas também há os de longa data, de São Martinho de Conde, a aldeia onde vivem e onde Dulce nasceu.
«Quando chegamos a casa, tentamos deixar o assunto atletismo de parte, mas nem sempre é possível», assegura a atleta que quer ser uma das melhores do mundo na maratona. Ele também enveredou por esta especialidade, algo normal à medida que os atletas vão ficando mais velhos. Os resultados têm sido positivos e numa coisa estão de acordo: não encontram desvantagens em namorar e ter a mesma profissão. «Ajudamo-nos imenso», diz Ricardo. «Ele ajuda-me mais a mim do que eu a ele. A treinadora dá o plano de treinos e ele puxa mais por mim, é uma vantagem», interrompe Dulce. Não é a primeira vez que estão no mesmo clube, já tinham partilhado a camisola do Maratona Clube de Portugal, mas agora o impacto mediático é diferente, como confessa a atleta: «Muitas vezes, nas competições, as pessoas não sabem o meu nome, mas incentivam-me gritando pelo Benfica.» É uma realidade que não é comparável ao clubismo do futebol – «O atletismo é uma modalidade individualista e, em termos dos milhões ganhos, é mesmo muito diferente. Se formos campeões de qualquer coisa poucos jornais nos dão a primeira página. Se um jogador for contratado por um clube grande, vem logo na primeira página.»
O facto de irem juntos aos campeonatos é uma das vantagens do namoro. Técnicos e dirigentes aceitam bem a relação, mas há sempre regras a cumprir. «Na seleção nacional não ficamos juntos no mesmo quarto e é normal que assim seja. Até nos faz bem!», gracejam. Quanto a segredos para um bom relacionamento nos dois campos, Ricardo Ribas não tem dúvidas: «O segredo é a confiança e manter a nossa privacidade, temos de nos entender.» Nem coloca a hipótese de ter uma namorada ou mulher fora do atletismo – «Não iria perceber as dificuldades, os horários, os treinos. Não imagino essa situação».
«Todas estas linhas na minha cara/ Contam-te a história de quem sou/ Tantas histórias de onde estive/ E como cheguei onde estou/ Mas estas histórias significam nada/ Quando não tens a quem contá-las/ É verdade, eu fui feita para ti.» Os versos originais, em inglês e cantados por Brandi Carlile, fazem parte do tema The Story, do álbum com o mesmo nome lançado em 2007. Foi com esta canção – mas não só – que Ricardo Ribas conquistou o coração de Dulce Félix. «Era a história da vida dela», conta ele. «Não tive um percurso de vida fácil, tinha de conciliar o trabalho com o atletismo e ele às vezes enviava-me esta canção», acrescenta Dulce Félix, a campeão europeia de dez mil metros em 2012. Olham um para o outro envergonhados e sorriem. Não foi fácil aqui chegarem, mas estão juntos.
[Publicado originalmente na edição de 9 de fevereiro de 2014]