O objeto escolhido pela cantautora Picas.
“Morei em 15 casas. Nasci no Porto, mas vivi em Lisboa a maior parte da minha vida, com uma breve passagem por Bruxelas. Já devia ser especialista em mudanças, mas a verdade é que me tornei numa valente preguiçosa. Deixei de pendurar coisas nas paredes, porque sabia que teria de as retirar em breve.
Quase não tenho objetos de infância, perdidos entre tantas mudanças. O único que me acompanha é um candeeiro de lava que a minha mãe me ofereceu quando era pequena. Um dos meus filmes preferidos era o ‘Gang dos tubarões’, no qual os peixes tinham candeeiros de lava gigantes nas suas mansões nos recifes. Quando a minha mãe foi a Londres, trouxe-me um candeeiro ‘igual’ ao do filme. É uma das minhas prendas preferidas de sempre.
Sempre que mudo de casa, tenho um pequeno ritual. O primeiro objeto que coloco no meu quarto é o candeeiro lilás com lava amarela. Já perdeu um parafuso e, por isso, está meio manco de uma das pernas, mas continua perfeito e traz-me uma sensação reconfortante de que estou no meu lugar. Hoje, quando ligo o candeeiro, ainda me sinto essa criança no mundo da lua. Atualmente, o candeeiro está na minha salinha da música e gosto de o ligar quando estou a compor, porque acho que me transporta para esse universo mais criativo. Este candeeiro é mais do que um objeto de decoração. É um símbolo de familiaridade, criatividade e da capacidade de encontrar beleza nas coisas simples.”
Cantautora
25 anos
