O braço de ferro entre polícia e Governo está para durar

Têm acontecido vigílias por todo o país e houveram duas grandes manifestações, em Lisboa e no Porto

Três jogos que não se realizaram, dezenas de baixas médicas apresentadas em catadupa, um dirigente sindical que deixou no ar a possibilidade de não haver eleições e uma reação “musculada” que parece não assustar.

O contexto
Se as forças de autoridade há muito andam descontentes com a falta de valorização salarial e deterioração das condições de trabalho a que têm sido sujeitos, a atribuição, por parte do Governo, de um subsídio de missão aos inspetores da PJ – sem equivalente na PSP, na GNR e na guarda prisional – mergulhou a classe num barril de pólvora de indignação.

Baixas médicas em força
Depois de vigílias por todo o país, e de duas grandes manifestações, em Lisboa e no Porto, com promessas de escalar os protestos se nada fosse feito para atender às suas reivindicações, houve centenas de agentes por todo o país a apresentar baixas médicas para não comparecer ao trabalho. O avolumar de ausências ditou o adiamento de três jogos de futebol no último fim de semana (entre os quais o Famalicão-Sporting) e tem deixado várias zonas do país sem patrulhas.

“Temo que o senhor primeiro-ministro não fique em funções só até 10 de março”
Armando Ferreira
Presidente do SINAPOL

Ministro avisa, contestação prossegue
José Luís Carneiro, ministro (demissionário) da Administração Interna, reagiu à turbulência com palavras musculadas, ameaçando instaurar processos aos “atos de indisciplina e insubordinação”. Ainda assim, o fluxo de baixas manteve-se.

907 €
O salário-base de polícias e guardas prisionais recém-entrados na profissão (87 euros acima do salário mínimo).