Carlos Abreu Amorim: da universidade ao exílio em Lisboa

Carlos Abreu Amorim é secretário de Estado Adjunto e dos Assuntos Parlamentares

Vai negociar com as diferentes bancadas parlamentares em nome do Governo. Admirador de Pedro Passos Coelho, criticou ferozmente adversários políticos nas redes sociais. Adepto ferrenho do F. C. Porto, ponderou antes de aceitar o convite para secretário de Estado.

Portuense e portista em doses iguais, Carlos Abreu Amorim voltou à ribalta política ao ser nomeado secretário de Estado Adjunto e dos Assuntos Parlamentares. Dada a composição saída das últimas eleições legislativas, a Assembleia da República afigura-se como uma manta de retalhos que o minoritário PSD terá que gerir com pinças. É nesse particular que o novo governante entra em campo no papel principal. Será ele o responsável por lidar com as diferentes bancadas, nomeadamente com a do PS, onde se senta Pedro Nuno Santos, a quem dirigiu críticas pesadas no passado através da rede social Twitter, agora X, palco que frequentou com assiduidade e onde disparou tiradas em todas as direções, bastas vezes sem cuidados de polidez na mensagem. Agora que entrou no Governo, restringiu o acesso público à sua conta.

Carlos Abreu Amorim apelidou o agora secretário-geral do PS, entre outros mimos, de “incompetente”, “acólito de Sócrates”, “radical” ou de “extremista sem esperança”. A mais que provável eventualidade de os dois terem que passar a partilhar longas horas de conversações não o incomoda. “É algo a que não atribuo grande importância”, garante à “Notícias Magazine”.

Nascido em 1963 no seio de uma família do Porto contestatária do Estado Novo, o pai foi acérrimo oposicionista a Salazar (e um dos melhores amigos de Francisco Sá Carneiro) e o avô um “republicano com pergaminhos”. As longas conversas com ambos despertaram-lhe o interesse pela política, que cedo começou a acompanhar com capacidade crítica.

Foi militante da Juventude Centrista, braço jovem do CDS, de que se afastou. Ajudou, mais tarde, a criar o Partido Nova Democracia, força impulsionada por Manuel Monteiro, ex-líder do CDS, entretanto extinta depois de sucessivos desaires eleitorais. “Foi um projeto que falhou”, assume Carlos Abreu Amorim.

Comentador televisivo, também escreveu colunas de opinião na imprensa, nomeadamente no “Jornal de Notícias”. E foi-se aproximando do PSD, como independente, sobretudo a partir do momento em que a liderança social-democrata foi assumida por Pedro Passos Coelho. “É um dos meus políticos de referência, a par de Luís Montenegro. Temos bastantes semelhanças do ponto de vista ideológico, de visão do Mundo e de outros múltiplos pontos de vista”, define. A nível internacional, admira o ex-primeiro-ministro britânico Winston Churchill.

A convite de Passos Coelho, integrou a lista de deputados às legislativas de 2011, pelo círculo de Viana do Castelo. Destacou-se no Parlamento e chegou a vice-presidente da bancada parlamentar do PSD por duas vezes, a primeira com Luís Montenegro como presidente, a outra com Hugo Soares. Ainda como independente, encabeçou a corrida do PSD à Câmara de Vila Nova de Gaia, em 2013. Não conseguiu segurar em mãos sociais-democratas a autarquia que era de Luís Filipe Menezes, perdendo para o PS. “A vida segue em frente, há que aceitar a derrota”, pensou.

Tornou-se militante do PSD a 10 de novembro de 2015, “dia em que nasceu a Geringonça”, mas afastou-se da atividade partidária ativa quando Rui Rio sucedeu ao antigo primeiro-ministro.

Regressou então à paixão de sempre, o ensino. Doutorado em Direito, deu aulas na Universidade do Minho e na Universidade Lusíada até ser chamado recentemente para o Governo. “Confesso que não foi uma decisão fácil de tomar, levei algum tempo a ponderar porque estava muito confortável com a minha vida profissional”, admite. Morou sempre no Porto e volta agora a ter de fixar parcialmente residência em Lisboa. “Fui novamente exilado”, brinca.

Adepto ferrenho do F. C. Porto, chegou a chamar “magrebinos” a adeptos benfiquistas – no Twitter, claro está. Pediu desculpa, mas não desistiu de voltar à carga em matéria de futebol, chegando mesmo a acusar a direção do seu clube de nepotismo, dessa vez no Facebook, em 2016, o que motivou os dragões a ponderarem uma queixa judicial.

“Agora que estou no Governo não vou tecer quaisquer comentários futebolísticos”, garante Carlos Abreu Amorim, pai de dois filhos, de 16 e 20 anos, e fã de boa gastronomia. “Como de tudo e, às vezes, até de mais”, sorri sem sombra de pecado.

Cargo: secretário de Estado Adjunto e dos Assuntos Parlamentares
Nascimento: 01/10/1963 (60 anos)
Nacionalidade: Portuguesa (Porto)