Quando a diversão dos videojogos e dos jogos na Internet ultrapassa os limites

(Foto: Freepik)

O "Consultório Médico" desta semana, por Dinis Brito.

Os videojogos e os jogos na Internet podem viciar?
Ana Matos, pergunta recebida por email

A influência que os videojogos assumem na sociedade contemporânea é irrefutável, sobretudo nas faixas etárias mais jovens. Esta franja da população (e não só) prefere os videojogos como forma de diversão, conferindo-lhe um volume de negócio que rivaliza com a televisão. Por isso, não é de estranhar que sejam cada vez mais complexos, com gráficos extremamente realistas, enredos intrincados e tempos de jogo prolongados, tornando-os mais apelativos.

Contudo, o consumo de videojogos poderá não estar isento de riscos e vários efeitos nefastos têm sido descritos. Sabe-se que o seu uso em crianças está associado a obesidade e a manifestações de agressividade. Também parecem ter potencial para causar dependência, com relatos de crianças que jogam por mais de 40 horas semanais. Esta é uma condição caracterizada por um não controlo dos hábitos de jogo, resultando em consequências extremamente negativas na vida, podendo comprometer o autocuidado, os relacionamentos, a escola e o trabalho.

Apesar de poder surgir com jogos de consola, a maioria desenvolve problemas significativos com a prática de videojogos online. Alguns estudos demonstram que a dependência afeta apenas um pequeno número de pessoas que jogam online. Contudo, existem sinais de alerta. É fundamental estar ciente da quantidade de tempo gasta no jogo. Isso é especialmente importante se houver negligência de outras atividades diárias, como higiene, interações sociais e ida à escola ou ao trabalho. Outros sinais de alarme poderão ser a dificuldade em parar de jogar; mentir sobre o tempo gasto a jogar; e a utilização do videojogo para aliviar sentimentos negativos como a culpa ou a frustração.

Mas há medidas de prevenção. Uma análise do material potencialmente inadequado exposto durante o jogo é importante, sobretudo, nas crianças. Conhecer o jogo que o seu filho joga permitirá detetar eventuais riscos. Por outro lado, uma limitação do tempo de jogo é também uma estratégia útil para fomentar a perceção de autocontrolo.

Em caso de suspeita de dependência será fundamental procurar ajuda diferenciada. Os tratamentos de primeira linha consistem em técnicas de psicoterapia e/ou de terapia cognitivo-comportamental. De qualquer forma, será sempre útil procurar apoio junto do seu médico para elucidação das diferentes opções disponíveis.

Até breve!

*A NM tem um espaço para questões dos leitores nas áreas de Direito, Jardinagem, Saúde, Finanças pessoais e Sustentabilidade. As perguntas para o Consultório devem ser enviadas para o email [email protected].