Projeto Schelter On: abrigo para dar dignidade a quem mora na rua

O módulo deverá ser feito em alumínio, um material fácil de limpar e que pode ser reutilizado

Projeto Schelter On nasceu no Politécnico de Viana do Castelo e avança para a construção de um protótipo, que será integrado no espaço público.

O Instituto Politécnico de Viana do Castelo (IPVC) desenvolveu um abrigo que pode ser integrado no espaço público e ajudar a dar dignidade a quem faz da rua a sua casa, sem limitar a liberdade. A construção de protótipo deverá avançar em breve, para permitir teste em ambiente real.

O projeto Schelter On nasceu no seio da academia e juntou Bruna Freire, aluna da Escola Superior de Tecnologia e Gestão do Politécnico, Manuel Rivas e Rosa Venâncio (docentes do curso de Design de Ambientes e orientadores da tese da aluna) e os elementos do Grupo de Trabalho em Design Liliana Soares, Ermanno Aparo, Rui Cavaleiro e Jorge Teixeira. Contou ainda com a colaboração da associação Methamorphys, do Gabinete de Atendimento à Família e da Câmara.

Da união de esforços resultou a ideia de se criar um módulo autónomo que pudesse ser integrado de forma agradável no espaço público, como uma peça de mobiliário urbano. E que, ao mesmo tempo, fosse móvel, para se adaptar às circunstâncias de cada momento.

O módulo deverá ser feito em alumínio, um material fácil de limpar e que pode ser reutilizado, obedecendo aos princípios de uma economia que se quer cada vez mais circular. No interior, os sem-abrigo encontrarão uma cama, mesa de cabeceira, tomada e outras comodidades.

Em Viana do Castelo, conta Manuel Rivas, há espaços onde os sem-abrigo podem pernoitar, mas por vezes estes não querem lá ficar “por causa das regras” a que têm de obedecer. O Schelter On responde a este problema, ao dar “dignidade” às pessoas, sem lhes tirar a “liberdade” que desejam.

Estes abrigos não devem ser encarados como a solução dos problemas ou um local onde os sem-abrigo podem guardar os pertences de forma definitiva, acrescenta o docente, mas como um espaço onde podem “dormir em segurança” e que, no dia seguinte, poderá dar resposta a outra pessoa.

O IPVC e a Câmara estão a ultimar um protocolo com vista à implementação do projeto. A intenção é construir um protótipo, que será colocado na cidade de Viana do Castelo durante cerca de seis meses, para testar a recetividade e perceber se são precisos ajustes.

Manuel Rivas conta que após a divulgação do projeto sentiu diversas manifestações de interesse (em Portugal e Espanha), pelo que espera que cresça para além de Viana do Castelo.