Susana Romana

Miguel Albuquerque, o casamento real e o boicote à apresentação do livro infantil “No meu Bairro”

Rubrica "Partida, largada, fugida", de Susana Romana.

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Um grupo de sete nacionalistas invadiu a a primeira apresentação do livro infantil “No meu Bairro”, apelando à defesa das crianças perante a “perigosa agenda LGBT”. Acho adorável ver estas pessoas preocupadas com livros, tendo em conta que só conseguem ler aqueles de plástico que as crianças usam no banho.

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O livro usa a chamada linguagem neutra e apela à diversidade, com personagens de vários géneros e etnias. Curiosamente, estes grupos nacionalistas são tudo menos diversos: são sempre homens brancos que ainda guardam rancor da Xana do 5.º B por não ter querido namorar com nenhum deles.

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Como seria de esperar, o plano resultou ao contrário e, com tanto burburinho, o livro acabou por esgotar. O Plano Nacional de Leitura devia apostar em contratar manifestantes para meter os miúdos a ler. Digam que “Os Maias” instigam as criancinhas ao incesto e é êxito garantido.

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Esta semana, ativistas das causas climáticas atiraram tinta em eventos com patrocinadores poluentes. Espero que a CIN tenha uma gama orgânica e vegan, ou estão a contribuir para a poluição.

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De uma das vezes, a vítima foi o ministro do Ambiente, Duarte Cordeiro, que ficou sujo com tinta verde. Foi um escândalo, e por motivos justos: não se obriga assim em público uma pessoa a ser da Juve Leo.

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É já no próximo sábado o casamento real entre Maria Francisca e Duarte Maria Araújo Martins. Para o evento estão a ser pedidos voluntários para “ajudar na logística da cerimónia”. Se estiverem a tirar o curso superior de pajem ou de escudeiro, é uma ótima oportunidade para se iniciarem na profissão.

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O PAN-Madeira confirma que chegou a acordo com o PSD para a viabilização do Governo Regional, garantindo uma solução de estabilidade. Não deixa de ser interessante que seja o PAN a evitar que a vida política de Miguel Albuquerque vire uma valente tourada.

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A transferência dos restos mortais de Eça de Queiroz do cemitério de Santa Cruz do Douro para o Panteão Nacional foi suspensa, sem data ainda marcada. Se calhar vai ser preciso ouvir o próprio para chegar a uma decisão unânime. Alguém alinha em fazer o jogo do copo para falar com o Eça?

[Artigo publicado originalmente na edição do dia 1 de outubro – número 1636 – da “Notícias Magazine”]