O objeto escolhido pela cantautora A Garota Não.
“O desafio de escolher um objeto fez-me abrir arquivos de memória aos quais nem sabia que ainda conseguiria aceder com tanta claridade. E num primeiro momento podiam ser vários os aqui convocados: um Pluto de borracha, um relógio de pulso que em vez de horas tinha creme perfumado, ou um jogo de flippers aquático. Mas sobre estes houve o rádio dos meus pais. AM, FM e leitor de cassetes. Ali se apresentava o mundo todo de repente. Nas músicas do Eric Clapton e da Joana, nas faixas do “Mingos & Os Samurais”, que sabia de cor mesmo inventando palavras no lugar daquelas que não percebia bem – e nos programas que seguia com a regularidade de quem também adorava passar tardes inteiras na rua a brincar.
Mas o rádio foi ainda mais: porque as cassetes de que não gostava foram campo livre para as minhas primeiras gravações. Bastava tapar-lhes os cantos e carregar no REC. Começava a atuação… e a tragédia! Que por ali o cantar bem era cantar alto. E hoje dói ouvir, mas ainda rende uma boa gargalhada.”
Cantautora
40 anos