Susana Romana

Fernando Medina, o Orçamento do Estado para 2024 e a aprovação do EuroDreams

Rubrica "Partida, largada, fugida", de Susana Romana.

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Esta semana foram conhecidos quase todos os laureados com o Nobel em 2023. Vão ser oferecidas imensas medalhas, o que me parece um desperdício de recursos: escolham qualquer comentador da televisão portuguesa, que são especialistas em literalmente tudo, da guerra a sevilhanas.

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Ficou a faltar o Nobel da Economia, que vai ser conhecido amanhã. Talvez seja atribuído a Fernando Medina, pela sua experiência científica de “como ter ao mesmo tempo os cofres cheios e a população à bulha por uma consulta e um professor de Português para o filho”.

3

Na próxima terça-feira, o Governo vai entregar a primeira versão do Orçamento do Estado para 2024. Alguns detalhes sobre pensões ou salários são já conhecidos, mas no geral vamos continuar o grande objetivo de ser um país a ombrear com a qualidade de vida dessa potência que é a Roménia.

4

O Orçamento do Estado chega numa altura particularmente tensa do Governo com os setores da educação e da saúde. Mas eu percebo: eles que se organizem, que criem start ups, que se inscrevam na Web Summit. Não podem querer sempre que sejam os outros a investir no seu sonho maluco de ter uma vida digna.

5

Passou uma semana da manifestação da habitação, e a comunicação social escolheu dar sobretudo destaque aos militantes do Chega e ao vidro partido de uma imobiliária. Porque, de facto, as vítimas são a extrema-direita e os especuladores imobiliários – e não quem está a jogar à roleta russa até ficar sem teto.

6

Portugal ocupa a quinta posição entre os países com mais casos de depressão na União Europeia. Um dia vamos substituir as quinas na bandeira por caixinhas de fluoxetina, sertralina e amitriptilina.

7

O Conselho de Ministros aprovou a criação do novo jogo de apostas, o EuroDreams, destinado a um público jovem. O objetivo é combater a oferta ilegal e também mostrar aos jovens que é possível ganhar bem, se investirem tudo num vício. Passo seguinte: os cigarros eletrónicos sortearem quartos nas cidades.

8

Há um grave problema de saúde pública em Paris: o enorme aumento de percevejos, que motivou o Governo a anunciar medidas para “assegurar e proteger” a população. É já considerada uma praga quase tão perigosa como os nómadas digitais.

[Artigo publicado originalmente na edição do dia 8 de outubro – número 1637 – da “Notícias Magazine”]