Fixou-se em Londres e tem-se destacado no panorama internacional com prémios e exposições em galerias de renome, mas mantém os laços com a terra natal.
As fotografias intrincadas e compostas de forma minuciosa e cuidada são a imagem de marca de Jaime Welsh, o português de 29 anos que há pouco mais de uma década se fixou na capital do Reino Unido, a partir de onde tem vindo a dar cartas no panorama artístico internacional. Depois de um mestrado em Belas-Artes na Universidade Goldsmiths (com bolsas da Fundação Calouste Gulbenkian e da Goldsmiths) e de ser galardoado com distinções de entidades que apoiam artistas emergentes, nomeadamente da Bloomberg New Contemporaries e Circa Art, tem exposto em galerias de renome em Londres e não só.
Jaime Welsh fez as malas e rumou a Londres em 2012, para estudar Belas-artes na capital europeia da arte contemporânea. No lugar a que hoje chama “casa”, encontrou “uma diversidade demográfica e cultural muito cativante”.
Os laços com Portugal mantiveram-se. Não só por causa da família e amigos, mas também do trabalho. “Nos últimos anos tenho vindo a desenvolver uma prática de investigação detalhada sobre a história da arquitetura e design português, tendo estudado extensivamente a obra de Porfírio Pardal Monteiro, Luís Cristino da Silva, Raul Rodrigues Lima, Daciano da Costa, Raul Chorão Ramalho e Januário Godinho”, entre outros, enumera. Para além disso, colabora com a Galeria Madragoa e mantém contacto frequente com alguns curadores, nomeadamente Filipa Oliveira, Benjamin Weil, Anísio Franco e Alberta Romano.
A inspiração vem de muitas fontes, desde o cinema, “principalmente clássicos avant-garde”, à pintura histórica religiosa, algo que se reflete na linguagem visual das suas fotografias. Também as pinturas de Caravaggio são, diz, “uma referência” à qual retorna frequentemente, “assim como as pinturas de arquitetura de Pieter Neeffs e Hendrik van Steenwijck”.
Entre os trabalhos que mais o marcaram, conta-se a última série fotográfica, desenvolvida no monumental edifício da Reitoria da Universidade de Lisboa. “O processo das produções fotográficas envolveu um trabalho cenográfico muito preciso, de reconstrução dos espaços interiores da Reitoria, originalmente projetados por Daciano da Costa. Tive a sorte de trabalhar com um extraordinário jovem português, o Álvaro, que habitou estes interiores de acordo com as minhas direções coreográficas, de modo a atingir uma atmosfera de tensão psicológica intensa”, especifica Jaime Welsh.
Neste momento, revela, está a “investigar alguns edifícios” em relação aos quais quer trabalhar. Nos últimos meses, também tem estado a estudar a “hipótese de iniciar uma série em interiores de tribunais em Portugal”, particularmente os palácios da Justiça de Lisboa e do Porto. “Em Inglaterra, tenho estado a trabalhar com a equipa curatorial do English Heritage para desenvolver um projeto num dos seus edifícios num futuro próximo”, acrescenta.
Não há, para já, exposições programadas em Portugal, mas há uma na agenda para 2024, num museu na Alemanha.
Jaime Welsh
Localização: Londres, Reino Unido 51°29’ 57.8040’’ N 0° 7’ 38.8740’’ W (GMT 0)
Cargo: artista
Idade: 29 anos