Depois de Liz Truss ter entrado para a história pelas piores razões, o primeiro asiático a chegar a primeiro-ministro britânico tem aos ombros a pesada responsabilidade de livrar o país da instabilidade política e económica.
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O número de dias durante os quais Liz Truss foi primeira-ministra, eternizando-se como a protagonista do Governo mais curto da história do Reino Unido.
Robin dos Bosques invertido
O início do fim do breve mandato de Truss deu-se a 23 de setembro, dia em que a então primeira-ministra apresentou um “mini orçamento” que, entre outras medidas, previa o fim do imposto de 45% sobre os rendimentos superiores a 150 mil libras por ano, medida que abriria um enorme buraco nas Finanças do país. A ideia causou uma onda de pânico nos mercados e a desvalorização abrupta da libra, levando Truss a recuar e a substituir o seu ministro das Finanças. No entanto, já não foi capaz de travar uma bola de neve letal para a sua continuidade no Governo.
“Sou uma lutadora e não uma desistente”
Liz Truss
Ex-primeira-ministra britânica, a 19 de outubro, um dia antes de anunciar a demissão
Crise sem precedentes
Se o delírio de Truss acentuou a instabilidade económica no Reino Unido, a verdade é que a crise há muito se tinha instalado no país, com um custo de vida recorde. A saída da União Europeia, a guerra na Ucrânia, a inflação generalizada, a mais do que provável recessão global e escalada dos preços da energia são alguns dos ingredientes de um cocktail explosivo.
Johnson e Mourdant apeados
Além de Rishi Sunak, dois outros nomes foram, num primeiro momento, avançados como possíveis sucessores de Liz Truss: Penny Mourdant, presidente da Câmara dos Comuns, e Boris Johnson, nada menos do que o antecessor de Truss, que saiu na sequência do “Partygate”. No entanto, nenhum deles foi avante com a candidatura, pelo que bastou a Sunak garantir o apoio de cem deputados conservadores.
“[Liz Truss] não estava errada em querer melhorar o crescimento neste país. É um objetivo nobre e eu admirava a sua inquietação em criar mudanças. Mas alguns erros foram cometidos”
Rishi Sunak
Primeiro-ministro britânico
Quem é Sunak
Casado com Akshata Murthy, multimilionária indiana, e detentor de uma fortuna que supera os 700 milhões de libras (mais de 800 milhões de euros), Rishi Sunak, de 42 anos, é o primeiro asiático a chegar ao cargo de primeiro-ministro do Reino Unido. Tornou-se deputado em 2015, ascendeu a ministro das Finanças de Boris Johnson em 2020, mas acabou por precipitar a queda do mesmo quando, na sequência de meses de polémicas com o “Partygate”, bateu com a porta. Já tinha aspirado à liderança dos “tories” há cerca de mês e meio, mas na altura foi superado por Truss. Muitos críticos têm questionado se será capaz de entender as lutas diárias dos britânicos, tendo em conta a vida faustosa que leva.
Iniciativa Liberal em xeque
A polémica com Liz Truss teve ondas de choque de cariz inesperado em Portugal. Tudo porque o partido liderado por Cotrim de Figueiredo, que numa fase inicial até se mostrou favorável a algumas das medidas defendidas pela então primeira-ministra britânica, fez uma publicação no Twitter em que comparava José Sócrates, antigo primeiro-ministro português (do PS), a Truss. “Despesa pública descontrolada ‘never again’ [nunca mais]”, podia ler-se. A chuva de críticas não tardou.
