Projeto BrickITsmart. Construir com módulos que parecem legos

Carlos Relvas, investigador da Universidade de Aveiro (no centro da imagem), é o grande mentor do projeto BrickITsmart, uma parceria com a empresa Dreamdomus e o arquiteto Alberto Montoya

Projeto BrickITsmart é uma “rutura” na forma como se erguem divisões. Protótipo vai ficar em exposição na Universidade de Aveiro.

São blocos que encaixam, à semelhança de legos, e podem ser usados para construir instalações temporárias ou permanentes, de forma rápida, fácil e ecológica. O projeto chama-se BrickITsmart e até já tem um protótipo pronto.

“Conseguimos fazer a validação do conceito, mas ainda não demos o passo com vista à industrialização”, pois o mercado da construção civil está assoberbado com a procura, problemas de falta de mão de obra e dificuldades de obtenção de alguns materiais, explica Carlos Relvas, o investigador da Universidade de Aveiro que desenvolveu o produto em parceria com a empresa Dreamdomus e o arquiteto Alberto Montoya.

A conceção deste sistema de construção modular baseado em blocos multifuncionais beneficiou, em 2018, de uma candidatura ao programa COMPETE 2020 e foi patenteada. Um protótipo, um “espaço com nove metros quadrados que demorou menos de três horas a estar pronto”, vai em breve ficar em exposição no campus da Universidade de Aveiro, dando um novo impulso e visibilidade ao projeto.

Segundo Carlos Relvas, os módulos possuem geometrias específicas que encaixam, podendo ser montados com diferentes orientações, desmontados e reutilizados sem produzir resíduos. O protótipo é feito de material “leve e acessível”: um núcleo em XPS (poliestireno extrudido) revestido com placa de aglomerado de madeira de um lado e de melamina do outro. Mas há outras opções, como aglomerados de cortiça ou fibras que podem ser revestidos por melaminas ou cerâmicas.

O produto, que representa uma “rutura” com os métodos de construção tradicional, presta-se a muitas aplicações. Pode ser uma alternativa a “tendas ou barracas” que se usam para acolher desalojados em casos de catástrofes ou pobreza extrema, em regiões como África ou Ásia, exemplifica o investigador. Ou ainda dar resposta temporária a dificuldades de alojamento de estudantes através da montagem destes módulos “no interior de pavilhões ou espaços que não estão ocupados”.

Os módulos, extremamente versáteis, podem ser “globalizados e oferecem uma solução de conforto, com uma montagem muito fácil e rápida”, insiste Carlos Relvas. O investigador vê tanto futuro na construção modular que, enquanto o BrickITsmart não chega ao mercado, vai desenvolvendo outros projetos na área, conta, sem revelar pormenores.