Detetar submarinos num oceano “mais transparente”

Uma primeira versão do sistema deverá ficar pronta até 2025

Projeto liderado pela Marinha Portuguesa quer ajudar União Europeia a tirar o máximo partido dos equipamentos e sensores para sabermos o que se passa debaixo das nossas águas.

A Marinha Portuguesa está a trabalhar num sistema que visa colocar diferentes veículos autónomos submarinos e os sensores que têm a bordo a “falarem” uma linguagem comum, permitindo-lhes trabalhar em conjunto e ser compreendidos pelos vários países da União Europeia. Só assim será possível tirar partido da informação que recolhem para se tomarem as melhores decisões em cenários de controlo, vigilância e guerra debaixo de água.

O projeto, que surgiu no âmbito da Agência de Defesa Europeia, dá pelo nome de PESCO MUSAS (Sistema Marítimo Não Tripulado Antissubmarino) e, ao criar uma “arquitetura de comando, controlo e comunicações” destes veículos, responde a uma lacuna identificada pela União Europeia. É liderado pela Marinha Portuguesa, mas conta com a participação de França, Espanha e Suécia. Tem, depois, três países observadores: Bélgica, Itália e Grécia.

“No ar há visibilidade e conseguimos saber onde estão os aviões. Mas quando olhamos para debaixo de água, é uma caixa fechada, os sistemas que existem hoje em dia para deteção de submarinos são limitados e não nos permitem tornar o oceano transparente. Com este sistema estamos a tentar aproveitar ao máximo os sensores e veículos disponíveis para tornar o oceano o mais transparente possível”, explica o capitão João Piedade, chefe da Divisão de Inovação e Transformação do Estado-Maior da Armada.

Assim, pode-se “otimizar onde são colocados os diversos veículos e sensores” e tirar o máximo partido dos dados que recolhem para se saber onde estão os submarinos.

De acordo com o capitão João Piedade, há já “algumas experiências que recorrem ao uso de veículos autónomos para a deteção de submarinos, com resultados positivos. Mas a grande dificuldade é sempre a interoperabilidade e conseguir trabalhar com sistemas de vários países e de vários vendedores, ao mesmo tempo”. É isso que se pretende com este sistema, “garantir que todos conseguem trabalhar entre si e tirar o máximo de informação para a deteção de submarinos”, reforça.

Uma primeira versão do sistema deverá ficar pronta até 2025. No âmbito de outros projetos financiados pelo Fundo Europeu de Defesa, está a ser desenvolvida a tecnologia que permite colocar em prática este sistema que está a ser desenhado.