Abusos na Igreja: uma ferida cada vez mais exposta

As vítimas tinham entre 2 e 17 anos na altura dos abusos

A Comissão Independente para o estudo de abusos sexuais de crianças na Igreja Católica Portuguesa pôs mãos à obra há pouco mais de um mês e o número de queixas já ultrapassa as duas centenas. Até ao final do ano, deverá ser apresentado um relatório.

O contexto
Já em 2019 tinham sido criadas comissões diocesanas para investigar os abusos, mas nem todas cumpriam os princípios de abertura e transparência apregoados pelo Papa Francisco. A necessidade de criar uma comissão nacional, que reforçasse e alargasse o atendimento destes casos, ganhou ainda mais força depois de, em outubro, ter sido divulgado um relatório francês que aponta para mais de três mil vítimas.

“Os mais novos vivem isto com sentimentos muito poderosos de vergonha, de medo, de culpa e tudo isso leva a uma imensa autoexclusão”
Pedro Strecht
Coordenador da comissão, em entrevista ao programa “Goucha”, da TVI

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O número de depoimentos de alegadas vítimas recolhidos pela comissão ao longo do primeiro mês de atividade.

Chaga transversal
Segundo a comissão, as vítimas que prestaram testemunho até ao momento têm entre 16 e 89 anos e representam todas as regiões do continente (as ilhas também), das urbanas às rurais. Englobam todos os grupos sociais e níveis de escolaridade.