18 de dezembro de 1878. O dia em que parte do Mosteiro dos Jerónimos desabou

A rubrica "Máquina do Tempo" destaca o desabamento de parte do Mosteiro dos Jerónimos.

“Um triste acontecimento commoveu ha poucos dias Lisboa e o resto do paiz. Abateu o corpo central da nova galeria em construcção junto ao magnífico templo dos Jeronymos, e que constituindo a frente da Casa Pia, estava a ponto de concluir-se depois de longos anos de trabalhos e de muitos capitaes despendidos.” Foi assim que noticiou “O Occidente – Revista Illustrada de Portugal e do Estrangeiro” o desabamento de parte do Mosteiro dos Jerónimos no dia 18 de dezembro de 1878. Há precisamente 144 anos. O desmoronamento deu-se às nove da manhã quando o torreão, com cerca de trinta metros, desabou com a estátua da Caridade, que havia sido colocada num nicho dias antes. Do acidente resultaram oito mortos. Trabalhadores que ficaram soterrados debaixo da areia e da cantaria.

As fotografias e gravuras da época deixam ver as ruínas de um edifício em obras desde 1867 sob a orientação dos cenógrafos italianos do Teatro S. Carlos, Aquiles Rambois e Giuseppe Cinatti, que ao que parece pouco sabiam de engenharia. Ainda assim, decidiram demolir a galilé e a sala dos reis, elevar a torre, construir a rosácea do coro-alto e substituir a cobertura piramidal da torre do sino por uma cobertura mitrada com torreões. A estrutura não aguentou e cedeu.

Vista geral do edifício da Casa Pia, em Belém, antes da derrocada do dia 18 de dezembro de 1878. A imagem pertence ao número 25 da “O Occidente – Revista Illustrada de Portugal e do Estrangeiro”, publicada a 1 de janeiro de 1879

O impacto do desastre foi tal que “o rei D. Luís I apareceu logo no dia seguinte para se inteirar do que tinha acontecido”, e, nesse mesmo dia, depois do desabamento, “foi nomeada pelo Governo, com portaria régia, uma comissão de inquérito para averiguar o que tinha acontecido”.