Susana Romana

Sandra Celas, a manif e a imunidade coletiva

Rubrica "Partida, largada, fugida", de Susana Romana.

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Um dos organizadores do protesto contra o confinamento, que juntou três mil pessoas em Lisboa no sábado, está com covid-19. Como provavelmente não acredita na doença, deve achar que ficou infetado por uma sessão de marmelanço com a Fada dos Dentes e o Bigfoot.

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Como a manif não cumpriu as regras de distanciamento nem de uso obrigatório de máscara na rua, os organizadores do protesto vão ser alvo de um processo-crime por várias infrações, como atentado à saúde pública ou a não criação de condições de segurança. Uma injustiça. Eles beberam todos chá de funcho e estavam com a aura grená, é claro que estavam protegidos contra doenças.

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Algumas figuras públicas, como a atriz Sandra Celas ou a cantora Adelaide Ferreira, viram-se envolvidas em polémica por terem ido à manifestação. Celas fez mesmo um direto no Instagram a explicar-se e a dizer que as máscaras não fazem nada. Se tem receio da oxigenação do cérebro, posso de facto garantir que o dela não está a apanhar ar que chegue.

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E já agora: eu fui guionista do “Inspetor Max”. Por motivos de organização das gravações, tínhamos nove cães e não só um. Tenho muita esperança que existam também pelo menos duas Sandra Celas e que uma delas esteja, de máscara e chocada com a manif, raptada numa cave à espera que o Max a vá salvar.

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Marcelo já fez saber que o estado de emergência se vai prolongar pelo menos até maio, para manter sinal de perigo visível. O problema é que vamos para aí no 48.º estado de emergência e já começa a ter o mesmo efeito de quando eu digo repetidamente ao meu filho de três anos que vou deitar fora os brinquedos se ele não os arrumar. É preciso multar mesmo os incumpridores – ou metê-los num saco e deixar no ecoponto, se quiserem ser mais extremos.

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A Europa poderá alcançar imunidade coletiva contra a covid-19 em 14 de julho, disse o comissário europeu para o Mercado Interno, Thierry Breton. Concordo com esta perspetiva, mas só se estiver previsto a Europa levar com um meteorito nessa data e erradicar-se do Planeta. Neste momento, parece a única maneira rápida e eficaz de se acabar com a pandemia – e estatisticamente mais provável de que o raio das vacinas prometidas chegarem a tempo.

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O PAN propôs que os titulares de cargos políticos e altos cargos públicos possam declarar filiação em organizações maçónicas. Mas o preenchimento desse novo campo no registo de interesses seria facultativo. Boa sorte. Acho que é tão provável como alguém aceitar ter de dar o nome da amante antes de se juntar a um almoço de família.

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E o PSD já tem candidato para o Porto: Vladimiro Feliz. Não conhecia, admito, e fui ao Google. Fiquei bastante desapontada, pelo nome estava convencida que era uma personagem do Herman José.