Jorge Manuel Lopes

Roald Dahl e a fábrica de histórias

Roald Dahl

Crítica de literatura, por Jorge Manuel Lopes.

Não sendo caso único, é um caso de ubiquidade. Escritor versátil que o tempo colou sobretudo às narrativas infantis, Roald Dahl tem direito a um dia em que a obra e o imaginário são celebrados por todo Planeta. O “Roald Dahl Story Day” assinala-se amanhã, segunda-feira 13, data do seu nascimento em 1916 em Cardiff, País de Gales.

O epicentro da comemoração descobre-se em www.roalddahl.com e, rimando com o estatuto alcançado pelo autor, está orientado para crianças. Os protagonistas são as histórias e personagens saídas da imaginação de Dahl, contidas em títulos como “Charlie e a fábrica de chocolate”, “Danny, o campeão do Mundo”, “Matilda”, “James e o pêssego gigante”, “Os idiotas”, “Charlie e o grande elevador de vidro” e “O fantástico sr. Raposo”.

No “Roald Dahl Story Day” propõem-se jogos, trabalhos manuais (como fazer marcadores de livros, por exemplo) e algumas invenções. Não falta uma revista descarregável, “Party Pack 2021” , com passatempos múltiplos, tudo girando em torno do estímulo à leitura das obras de Dahl.

Roald Dahl consegue ser ao mesmo tempo uma espécie de instituição britânica e uma personagem com sombras, longe da unanimidade. Nascido de abastados imigrantes noruegueses, foi piloto da força aérea britânica na II Guerra Mundial, depois diplomata e oficial dos serviços secretos. A escrita chegou neste período, alternando tomos para os mais novos e contos para público adulto, geralmente virados para o suspense. Alfred Hitchcock deu imagens a algumas dessas histórias. O antissemitismo em obras e artigos da sua autoria engendrou uma escalada de polémica que, no ano passado, levou os seus herdeiros a publicarem um pedido de desculpas. Dahl já havia partido, em 1990.