Susana Romana

Harry e Megan, Lula e o desconfinamento

Rubrica "Partida, largada, fugida", de Susana Romana.

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Este foi o último domingo, esperemos que para sempre, de confinamento. Esta semana vai ser pautada por algumas reaberturas, como creches e comércio ao postigo. Ou seja: finalmente, posso deixar o meu puto na escola e ir buscar um bagaço para beber de penálti no meio da rua. Se não deixarem vender bebidas, vou a uma loja de cosmética e vai mesmo acetona.

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Desta vez o desconfinamento vai ter diferenças a nível de cada concelho, dependendo dos casos por cem mil habitantes. Querem ver que, quase 23 anos depois de ter sido chumbada em referendo, temos finalmente uma espécie de regionalização em curso?

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Quem está já desconfinada antes dos comuns mortais é a TVI que, mesmo contrariando pareceres da DGS, fez um concurso que junta no mesmo espaço mais pessoas do que aquelas que eu vi pessoalmente durante 2020 inteiro. “All Together Now”, esse mix entre uma noite de karaoke na Rinchoa e aquela parte final dos casamentos em que os convidados já berram e dançam por tudo e por nada, está aí. Já os espetáculos de teatro e os concertos, esses estão proibidos até sabe-se lá quando – mesmo que cumpram regras. Se estiver lá a Cristina a tentar fazer pessoas a chorar, já posso ir ao Teatro Nacional São João?

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E por falar em coisas ilógicas: parece que Rúben Amorim, o treinador que vai lançado para ganhar o campeonato, afinal não é bem treinador porque lhe falta um papel. A queixa partiu da Comissão de Instrutores da Liga Portuguesa de Futebol Profissional. Sinceramente, lembro-me de vários treinadores que podiam ser um vitrinista ou um repositor de hipermercados disfarçado de pessoa que percebe de bola. Amorim não é um deles.

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Miguel Quintas, nome comunicado como cabeça de lista da Iniciativa Liberal à Câmara de Lisboa nas eleições autárquicas, retirou-se da candidatura por “motivos pessoais”, escassos dias depois de ter sido anunciado. O “motivo pessoal” pode ter sido ser a favor de uma nacionalização da TAP em abril passado (quando era CEO de uma agência de viagens) e ser contra em dezembro, quando estava no Núcleo de Lisboa da IL. A sério que ainda há quem diga que as mulheres não fazem sentido na política porque com TPM ficam demasiado instáveis?

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Foi a bronca da semana: Harry e Meghan, entrevistados por Oprah, confessaram que membros da Família Real temeram que a cor de pele do filho de ambos fosse demasiado escura. Acho uma crítica injusta. Archie ia ter sempre lugar no palácio de Buckingham. Estavam era a ver se era como príncipe ou se ia limpar os estábulos, só isso.

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A tomada de posse de Marcelo Rebelo de Sousa teve lugar na passada terça-feira e, pelos vistos, Cavaco Silva foi-se embora sem o cumprimentar. É normal que tivesse pressa, os vampiros com 350 anos não podem apanhar sol assim à maluca.

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No Brasil, o Supremo Tribunal limpou a ficha de Lula, que passa a poder ser candidato em 2022. Foram anuladas as condenações do ex-presidente no âmbito da Lava Jato. Isso quer dizer que é provável uma campanha de Lula contra Bolsonaro. Vai ser tipo “Godzilla vs. King Kong” com o Brasil a ser violentamente destruído à sua passagem.