Susana Romana

Francisco Rodrigues dos Santos, a vacinação indevida e o ensino à distância

Rubrica "Partida, largada, fugida", de Susana Romana.

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Correndo o risco de ser despedida, tenho de dizer que estou muito desiludida aqui com a “Notícias Magazine”. Então uma edição de domingo tão jeitosa e não traz grátis uma vacina contra a covid-19? Nem que fosse em fascículos e depois a malta montava em casa. Não percebem nada de marketing.

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A balbúrdia com o plano de vacinação em Portugal está a ser alvo de pelo menos nove investigações no Ministério Público. Fazer esquemas com o pequeno poder é tão português como os Descobrimentos – em ambos os casos, abarbatamos com orgulho coisas que não eram nossas.

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A polémica preferida de toda a gente foi, claro, a dos funcionários de uma pastelaria no Porto que foram vacinados com sobras. No fundo, foram vacinados com o equivalente médico do bolo pirâmide de chocolate.

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Os resultados do ensaio clínico da vacina russa contra a covid-19 mostram uma eficácia acima dos 91%. Esta vacina já foi submetida a aprovação pela Agência Europeia do Medicamento, mas a União Europeia continua com uma posição de desconfiança. Não percebo porquê. Os russos percebem tanto de doping que devem ser fortíssimos ao nível dos injetáveis. Uma pessoa protege-se da covid e ainda ganha umas provas de salto à vara.

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Entretanto, Portugal já está a ser ajudado internacionalmente no combate à pandemia. Alemanha, Luxemburgo e Áustria vão enviar profissionais de saúde. É tipo fazer Erasmus, mas as ressacas são mesmo de cansaço extremo e não de beber tequila do umbigo de um desconhecido.

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Francisco Rodrigues dos Santos apresentou ontem uma moção de confiança à sua liderança. Como escrevo uns dias antes, não sei o resultado mas espero que tenha corrido bem. Não que não ache que Adolfo Mesquita Nunes daria um melhor líder. É mesmo porque não bastava ao Francisco estar sem escola e em casa com os pais em teletrabalho sem tempo para fazerem legos com ele, ainda lhe acontece mais isto.

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E por falar em aulas: começaram ontem novamente as aulas à distância, depois da interrupção letiva. Mais não sei quantas semanas de pais exaustos, que começam todos os dias a tencionarem ser uma Mary Poppins, para às onze da manhã já estarem em modo Freddy Krueger.

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E serão aulas potencialmente sem livros, já que com livrarias fechadas e supermercados proibidos de vender é mais fácil arranjar um ovo Fabergé do que um volume da coleção “Uma Aventura”. É todo um setor que está de tal maneira em crise que não se safa nem que a Cristina Ferreira lance um livro novo a cada três dias.