Cão e homem, uma ligação que vem desde a Era do Gelo

O estudo mais recente apurou que a domesticação do cão teve origem há 23 mil anos

O cão é o melhor amigo do homem, diz o ditado. A confiança mútua é a base desta relação tão forte entre as duas espécies. Mas, afinal, o que têm os canídeos para serem tão confiáveis?

Não há outro animal que inspire tanta confiança ao ser humano. Confiamos nele para o ter em casa, até perto de crianças, para servir pessoas com incapacidades físicas, para ajudar na investigação de crimes e para coadjuvar em terapias. As características funcionais fazem-no ser facilmente adaptável ao modo de vida humano.

Há uma “predisposição para o cão ser confiável”, acredita Sílvia Machado, diretora do Instituto Animal. Tem, por isso, um papel de conforto e companhia junto ao ser humano. Os cães têm características que ajudam a criar laços, como serem “treináveis, sociais, adaptados à presença humana e terem um tamanho e uma forma de locomoção que se molda às nossas necessidades”, diz Teresa Umbelino, fundadora da AB Comportamento. No final de contas, são os animais que se ajustam mais facilmente à rotina humana, acabando até por criar uma dependência física e emocional, explica Sílvia Machado.

“Historicamente, é o animal que nos acompanha há mais tempo”, afirma Teresa Umbelino. O início da relação entre as duas espécies não é certo, mas o estudo mais recente, de uma arqueóloga do Reino Unido, apurou que a domesticação do cão teve origem há 23 mil anos, por altura da última Era do Gelo, na Sibéria, devido às condições climáticas rígidas.

A confiança mútua é essencial e, para a diretora do Instituto Animal, está assente na comunicação. “A falta de compreensão dos sinais dados pelo cão é a principal causa para o laço fiel ser quebrado.” E nos treinos está a ajuda. Nos serviços que disponibiliza, Teresa Umbelino destaca que “o objetivo é trabalhar a confiança de parte a parte”, para criar uma relação estável. A sua especialização em comportamento animal foi motivada, aliás, pela necessidade de melhorar a ligação com a sua cadela. Sílvia Machado destaca que, no tratamento de casos problemáticos, a confiança do animal em si mesmo e no treinador é o meio para atingir o objetivo final: “O bem-estar do próprio e da família”.

Sobre a conhecida disputa entre cão e gato e os argumentos sobre qual é o melhor amigo do homem, Bruno Santos, do Dr. Bigodes, serviço veterinário ao domicílio, defende que não se deve fazer comparações, porque são animais muito diferentes. Já Sílvia Machado compreende a preferência pelo cão, reflexo de o “gato ser mais solitário”.